Título: 'Resultado deve reduzir incertezas'
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

Para secretário do Tesouro, saldo em abril deve ser bom também

O secretário do Tesouro, Carlos Kawall, disse a Estado que o resultado do superávit primário consolidado em março, de 4,39% do PIB, "deve reduzir as incertezas do mercado" em torno do compromisso fiscal do governo, e sinalizou que os números de abril poderão surpreender positivamente. "O resultado em março foi bom e o de abril também deve ser bom", disse ele ontem após participar, em Frankfurt, de seminário de promoção do mercado de capitais brasileiro.

Segundo ele, o desempenho fiscal em março se refere ao trabalho da equipe econômica anterior. "Isso mostra que já existia uma estratégia de chegar à meta de superávit primário do governo federal no primeiro quadrimestre, de R$ 28,7 bilhões. Os resultados de março estão em linha com essa meta."

No entanto, o secretário novamente não descartou a possibilidade de o superávit primário em abril acumulado em 12 meses ficar abaixo de 4,25% do PIB, que é a meta para 2006. "O cenário mais provável com que trabalhamos é de que ele ficará acima dos 4,25%" disse.

'À MERCÊ DAS ESTATAIS' O economista Fábio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)), se surpreendeu com os números das contas públicas, em especial com os das estatais, que ficaram bem acima do esperado. O superávit primário do setor público foi de R$ 13,186 bilhões em março e o saldo das estatais ficou em R$ 5,494 bilhões. "O dado foi bom. Por outro lado, estamos à mercê das estatais em relação ao resultado do ano", ressaltou.

Segundo ele, os resultados até agora são consistentes com o cumprimento da meta do governo, de 4,25% no fim do ano, mas frisou que "tudo vai depender das estatais, especialmente da Petrobrás". "Se (as estatais) colaborarem, poderemos cumprir a meta. Se não, poderemos ter alguma dificuldade."

O pagamento de dividendos que é feito pela Petrobrás, disse Giambiagi, afeta o resultado das contas públicas. "No mês em que faz esse pagamento, afeta o resultado das estatais negativamente. Pode afetar parcialmente de forma positiva o resultado do governo central, à medida que o Tesouro, acionista majoritário, recebe parte do recurso."