Título: Criação de vagas cai pela metade
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Foram 76.455 novos postos com carteira assinada em março; ministro culpa chuva e fim da colheita pela queda

A criação de novos postos de trabalho com carteira assinada em março foi menos do que a registrada em fevereiro. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, no mês passado foram criados 76.455 postos - em fevereiro, foram 176.632 empregos. O saldo líquido do trimestre, no entanto, de 339.703 vagas, superou o do mesmo período do ano passado, quando o mercado de trabalho absorveu 292.222 trabalhadores.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, atribuiu o baixo desempenho de março a fatores sazonais. O excesso de chuvas, afirmou, prejudicou as contratações na construção civil; no Sul do País, o fim do período de colheita de frutas levou à dispensa de trabalhadores rurais. O ministro observou ainda que os dados de fevereiro deste ano foram os melhores do mês na série histórica do Caged.

O saldo líquido da criação dos empregos formais em março, no entanto, só não foi pior do que registrado em março de 2003, quando foram abertos apenas 21.261 postos de trabalho com carteira assinada. Marinho argumentou que, embora tenha sido inferior à meta de 100 mil novos empregos formais, em média, a cada mês, o resultado de março não compromete a estimativa do governo de criação de novos empregos para o ano. "Este ano será melhor do que o ano passado e o resultado final deverá ficar em torno de 1,4 milhão de empregos", reafirmou o ministro.

O Caged é um registro administrativo que toda empresa é obrigada e preencher e remeter mensalmente para o Ministério do Trabalho toda vez que demite ou contrata trabalhadores.

DIVISÃO A maior contribuição para a criação de empregos em março foi do setor de serviços (com mais 40.725 vagas), seguido da indústria de transformação (25.062 postos de trabalho). O comércio demitiu trabalhadores e apresentou, no mês, saldo líquido negativo de 8.573 postos de trabalho). A construção civil teve desempenho positivo no mês ( mais 5.203 vagas), embora menor do que o verificado em março de 2005 ( 6.252 empregos). A agricultura teve resultado surpreendente em relação a 2005. O saldo líquido do emprego no setor foi de 6.765 vagas ante 1.553 em março do ano anterior.

Em relação ao trimestre, a situação se repete. Os grandes responsáveis pela criação de empregos foram o setor de serviços (158.700 postos de trabalho) e a indústria de transformação (68.028).

A análise técnica dos dados do Caged destaca também a agropecuária que, no ano passado, sofreu crises constantes que afetaram negativamente o mercado de trabalho. Neste primeiro trimestre de 2006, segundo os técnicos, o setor foi capaz de criar 39.078 vagas. É a maior expansão do emprego para o período dos três primeiros meses do ano, segundo os registros do Caged.

A mesma coisa ocorreu com a construção civil. O saldo líquido de 41.440 postos de trabalho no trimestre é o melhor desempenho da série histórica para o período.