Título: Cresce a violência neonazista
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Internacional, p. A15

Em 2005 houve 15% mais ocorrências que em 2004

Os atos de violência cometidos por simpatizantes do neonazismo na Alemanha aumentaram quase 15% no ano passado em relação a 2004, segundo dados oficiais divulgados ontem.

A polícia registrou em 2005 958 casos - 182 a mais que os 776 anotados no ano anterior. A maioria dos casos ocorreu no Estado da Baixa Saxônia, região nordeste do país.

Segundo o secretário do Interior daquele Estado, Uwe Schuenemann, as agressões físicas contra imigrantes ou descendentes deles subiram de 640 em 2004 para 816 no ano passado.

Os números, considerados alarmantes pelas autoridades policiais, foram divulgados na esteira de promessas feitas pelo governo federal para coibir a ação dos skinheads (cabeças raspadas ) em todo o país. Isso depois da brutal agressão sofrida na Páscoa por um alemão de origem etíope na cidade de Potsdam, perto da capital alemã. As autoridades policiais atribuíram o crime a extremistas de direita neonazistas, empenhados em propagar racismo e ódio aos imigrantes e descendentes que vivem no país.

Ainda na terça-feira, três skinheads golpearam na cabeça um imigrante de Togo (país africano), de 39 anos, ferindo-o com gravidade. O incidente ocorreu na cidade de Wismar. Os agressores foram detidos e indiciados.

A ultradireita xenófoba é politicamente marginalizada na Alemanha. Não tem nenhuma cadeira no Parlamento federal. Contudo, alguns desses agrupamentos extremistas têm obtido ocasionalmente representação em Parlamentos ou assembléias regionais. Eles pregam abertamente o ódio racial e o combate aos imigrantes "que usurpam os postos de trabalho dos jovens alemães". Esse cenário preocupa as autoridades alemãs, além de prejudicar a imagem do país na União Européia e fora dela.

A onda de crimes racistas no país agravou-se em 2000 - tanto que o governo federal tentou banir o neonazista Partido Nacional Democrático. Mas os esforços do governo não surtiram efeito porque a Suprema Corte de Justiça acatou recursos interpostos pelos dirigentes daquela agremiação.