Título: Rice faz visita-surpresa ao Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Internacional, p. A14

Secretária de Estado e Rumsfeld, da Defesa, foram expressar apoio ao novo primeiro-ministro

Os secretários americanos de Estado, Condoleezza Rice, e da Defesa, Donald Rumsfeld, fizeram ontem uma visita-surpresa ao Iraque para expressar apoio ao primeiro-ministro nomeado na semana passada, o xiita Nouri Kamel al-Maliki.

Os EUA depositam esperança em que Maliki consiga estabilizar o Iraque e melhorar a infra-estrutura do país, hoje pior do que no governo de Saddam Hussein. Ele tem pela frente o desafio de criar uma força de segurança capaz de substituir as tropas americanas, ampliar a produção de petróleo, melhorar os serviços públicos e combater a corrupção e a violência sectária.

"Maliki mostrou muito claramente que compreende seu papel e o do novo governo, de mostrar que é um verdadeiro governo de unidade nacional, no qual todos os iraquianos poderão confiar", declarou Condoleezza, numa entrevista à imprensa em conjunto com Rumsfeld, em Bagdá.

O governo americano fez forte pressão para a saída de Ibrahim al-Jaafari da chefia do governo porque ele era visto como empecilho para o apoio dos políticos sunitas, que o rejeitavam. Jaafari era respaldado pela principal coalizão xiita, a Aliança Unida Iraquiana. Diante do impasse, na semana passada a aliança nomeou Maliki primeiro-ministro, o que agradou a curdos e sunitas.

Apesar do otimismo, Condoleezza e Rumsfeld disseram que ainda levará tempo para o governo desmantelar as milícias xiitas, acusadas de executar iraquianos ligados ao regime de Saddam, que privilegiou a comunidade sunita.

Assessores de Condoleezza disseram ao New York Times que a chave para o sucesso de Maliki é não cometer erros nas primeiras semanas e melhorar as condições de vida dos iraquianos. "O novo governo iraquiano também nos dá a oportunidade de corrigir nossos erros e fazer nossa parte para o Iraque funcionar", disse James Wilkinson, conselheiro da secretária. Um dos objetivos de Condoleezza é ampliar a participação de funcionários americanos na melhoria dos serviços públicos.

Rumsfeld se reuniu com o comandante das tropas dos EUA no Iraque, general George Casey, e outros militares. Nas últimas semanas voltaram a aumentar nos EUA as críticas ao modo como Rumsfeld planejou o ataque ao Iraque. Passados três anos da invasão, os EUA mantém no país 130 mil soldados. O Pentágono informou ontem que os 250 mil soldados das novas forças iraquianas ainda não estão preparados para assumir o controle do país.

Tropas e a aviação dos EUA atacaram ontem um local suspeito de abrigar insurgentes, ao sul de Bagdá, matando 13 pessoas. Os americanos disseram que os mortos eram 12 militantes e uma mulher. Não há confirmação de fonte independente. Pelo menos outros 20 iraquianos morreram em ataques no país.