Título: Palocci vai dizer que não foi ele quem contratou a Leão Leão
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A12

Ex-ministro afirmará à polícia que prestação de serviço foi decidida na gestão do antecessor, morto em 2004

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci vai hoje à polícia em Brasília para dizer que não assinou nenhum contrato e nunca admitiu ou soube da existência de fraudes relativas à varrição de lixo em Ribeirão Preto no período em que administrou a cidade, entre 2001 e agosto de 2002. Ele vai explicar que a licitação e a contratação da empresa Leão Leão - maior doadora de sua campanha na eleição de 2000 - foram realizadas por seu antecessor, Luiz Roberto Jábali (PSDB), que morreu em 2004.

A prefeitura confirma a versão do ex-ministro, de que a Leão foi contratada no ano anterior à sua posse, por meio da Concorrência 5/99. Palocci vai entregar um parecer técnico, subscrito pelo engenheiro civil Lívio Amato, que atesta inexistência de irregularidades. Ele não vai lançar mão do direito ao silêncio que a Constituição lhe dá. Vai fazer explanação genérica sobre sua gestão e enfatizar que não houve ilegalidades, além de argumentar que não era responsável pela execução e fiscalização dos serviços.

A contratação da Leão foi fechada pelo Departamento de Água e Energia (Daerp), autarquia que cuida da limpeza urbana. Palocci dirá que as autarquias, sob sua gestão, tinham autonomia. O Daerp, acrescentará, mantém corpo técnico próprio, com engenheiros e fiscais.

O ex-ministro será ouvido pela Polícia Civil, que seguirá roteiro de perguntas do delegado Benedito Valencise, de Ribeirão, responsável pelo inquérito que apura suposto esquema de fraudes e superfaturamento mediante adulteração de planilhas de medição de áreas varridas. A expectativa é de que a polícia de Brasília não indiciará Palocci porque considera a medida privativa do presidente do inquérito.