Título: Diminui diferença regional e entre a cidade e o campo
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A8

Mas questão racial ainda responde por 11% a 13% da má distribuição de renda no País

Outros fatores explicativos da evolução da distribuição de renda no Brasil, segundo o estudo ¿Ascensão e Queda da Desigualdade Brasileira: 1981-2004¿, são a raça, a região, o fato de se viver no campo ou na cidade e o ¿tipo de família¿ ¿ este último se refere à diferenças entre lares com uma só pessoa, casais com ou sem filhos, domicílios com idosos, etc.

Segundo o estudo, as diferenças entre ¿tipos de família¿ explicam entre 6% e 11% da desigualdade; a questão racial, de 11% a 13%; e as diferenças regionais, de 7% a 13%. O fato de a família ser rural ou urbana responde por 5% a 17% da desigualdade. O intervalo diferente do poder explicativo de cada fator deve-se a questões técnicas.

Em termos da evolução ao longo de 1981 e 2004, os autores notam que uma das características mais fortes é a perda de importância das diferenças regionais e das diferenças entre população rural e urbana para explicar a desigualdade de renda no Brasil. ¿O declínio da desigualdade regional é consistente com a evidência de convergência entre Estados e regiões¿, escrevem. Já em relação à convergência da população urbana e rural, os autores acham que o agronegócio empresarial e exportador pode ter influenciado.

O estudo nota que a renda de aposentadorias e pensões subiu de 10% do rendimento médio dos brasileiros para 20% entre 1981 e 2004, mas aumentou também a correlação entre as rendas de aposentadoria e a riqueza das famílias ¿ em outras palavras, os rendimentos da Previdência estão fluindo mais na direção dos ricos em 2004, quando comparado a 1981.

No caso das transferências de renda, do tipo do Bolsa Família, os dados da PNAD são mais difíceis de analisar. Este tipo de benefício é reportado no item ¿outras rendas¿, junto com fontes diferentes, como rendimentos financeiros. Para os autores, porém, o aumento de 16% para 30%, entre 1993 e 2004, da parcela de brasileiros que disseram receber ¿outras rendas¿ reflete o crescimento das transferências, que começaram com o projeto Alvorada em 1994, na gestão Fernando Henrique Cardoso, e evoluíram até o Bolsa Família, em 2003, com Lula.