Título: Lula: 'Ao ver a situação do Alckmin, acho PT tranqüilo'
Autor: Leonencio Nossa, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A5

Em entrevista, presidente evita caso Nildo e defende cautela na economia

Em clima de campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem à noite que o PT é "um partido tranqüilo" se comparado ao PSDB do pré-candidato Geraldo Alckmin, e ao PMDB do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). "Quando eu vejo a situação do Alckmin e a angústia do Renan, eu penso: 'Puxa, até que o PT é um partido tranqüilo'", comentou. "Antigamente, diziam que só o PT brigava."

O presidente fez as declarações ao participar da noite de autógrafos do livro Brasil Primeiro Tempo - Análise comparativa do governo Lula, de autoria do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Lula estava ao lado de Renan, que riu muito. "Você está pacificando o PMDB", brincou Lula.

Ao ser questionado pelos repórteres sobre as mudanças que o PT reivindica na economia, ele foi cauteloso: "Essas coisas não acontecem assim, no papel. O que desejo é fazer o Brasil crescer muitos anos seguidos, com inflação baixa, por 10, 15 anos." Nas diretrizes de seu programa de governo - texto a ser debatido pelo PT em seu 13º Encontro Nacional, de sexta-feira a domingo, o partido cobra crescimento mais acelerado e pede que o Banco Central se ajuste aos "interesses da sociedade".

SACRIFÍCIO

Ao lado do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles - que também foi prestigiar o lançamento do livro -, Lula disse que já foi até xingado por causa da política econômica. "Eu vi uma pessoa dizendo que quem está segurando a inflação é o mercado, mas quem fez o sacrifício fomos nós", insistiu. "Quem foi xingado fui eu, o Mercadante que nos defendeu, o Meirelles e o Palocci", disse, numa referência ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Lula também foi questionado sobre a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, autorizada por Palocci, segundo a Polícia Federal. "Eu não falo sobre isso. Isso é para a CPI", esquivou-se.

Durante o tempo em que esteve no Centro Cultural do Banco do Brasil, onde o livro foi lançado, Lula abraçou pessoas que estavam na fila, beijou crianças, conversou com prefeitos e até deu autógrafos. "Gente, o livro é do Mercadante", brincou.

Mesmo assim, repetiu o discurso de que ainda não decidiu se será candidato e tomará a decisão só em junho."Se eu disser que sou candidato, não poderei fazer as coisas que tenho de fazer", admitiu. Indagado se deseja que o PT faça alianças amplas, Lula afirmou que cumpre orientações do partido. "Se eu quisesse liberdade total, seria um político avulso", afirmou.