Título: Maia faz os ataques mais venenosos aos parceiros
Autor: Christiane Samarco, Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A5

O prefeito Cesar Maia, do Rio, especialista em disparar torpedos que tumultuam a aliança PSDB-PFL, voltou suas baterias ontem para o governador Aécio Neves (MG). Sem cerimônia, insinuou que Aécio não está suando a camisa pela pré-candidatura de Geraldo Alckmin e dirigiu-lhe uma frase provocadora: "Sempre que estou perto do Aécio vejo um pouco de veneno escorrendo no canto da boca dele", disse o prefeito, com malícia, à Rádio Jovem Pan.

O comentário de Maia se originou numa fala em que Aécio dizia que a eventual candidatura do ex-presidente Itamar Franco (PMDB) à Presidência alteraria o quadro eleitoral em Minas. "Acho que ele não leu ou não compreendeu minha declaração", disse o governador. "Seria o mesmo que perguntar se a entrada de (Anthony) Garotinho na corrida presidencial não altera o quadro no Rio, independentemente da grande liderança do prefeito César Maia", ironizou o governador.

No fim, já sem ironia, Aécio aconselhou "mais cuidado" na interpretação de "comentários, palavras ou gestos políticos". Disse que Maia "foi alvo de muitas incompreensões quando abdicou de ser candidato ao governo do Estado". E voltou à ironia: "Certamente ele achou que na prefeitura poderia ajudar mais ao grande projeto nacional." Explicou que já recebeu Alckmin e vai recebê-lo novamente nos dias 2, em Uberaba, e 4, em Belo Horizonte.

Este foi o segundo torpedo disparado por Maia na semana. Segunda-feira ele disse a Alckmin no Rio que o PFL o ajudaria mais elegendo uma grande bancada do que dando o vice.

Na ocasião, Maia parecia irritado com o lançamento da candidatura do secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, ao governo do Rio, para competir com o ex-secretário Eyder Dantas (PFL), lançado pelo prefeito. Mas as suspeitas logo se dissiparam porque Paes - que, como Maia, apoiava José Serra contra Alckmin - é cria do prefeito carioca e foi eleito deputado pelo PFL, passando depois para o PSDB. Assim, Maia, sem deixar a prefeitura, passou a ter dois candidatos ao governo estadual.