Título: Tucano faz promessas a prefeitos
Autor: Christiane Samarco, Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A5

Pré-candidato afirma que aumentará repasses do FPM a municípios e ganha aplausos

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, foi aplaudido de pé ontem por uma platéia de cerca de 2 mil prefeitos de todo o País, que estão reunidos na 9ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.

Além de prometer aumentar os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em mais 1 ponto porcentual, dos atuais 22,5% para 23,5% do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o ex-governador paulista comprometeu-se a promover reforma fiscal e a rediscutir a partilha de recursos e responsabilidades entre União, Estados e municípios.

"Temos de ser prefeitos no sentido de governar", pregou o tucano. Destacou a necessidade de fortalecer o governo local, porque, segundo ele, é o prefeito quem está mais perto do povo e tem o maior poder de convencimento. Recebeu mais aplausos. "Temos de falar menos e fazer mais, amassar o barro, montar equipe. Se você não tiver a pessoa certa no lugar certo, nem com dinheiro se faz."

O pré-candidato insistiu que tem um ambicioso programa de reformas e pediu o apoio dos prefeitos para que possa ser eleito e dar velocidade às mudanças. "Ou fazemos as reformas necessárias ou seremos o último da fila. Ninguém vai esperar o Brasil." Frisou, em seguida, que não tem como "prometer mágica", mas afirmou que fazia questão de "olhar nos olhos" de todos e dizer que vai "suar a camisa" para aumentar os investimentos, em parceria com as prefeituras. "Governo moderno é o governo que interage."

"Acredito no investimento público, em investir de forma descentralizada", ressaltou, lembrando que há municípios que têm "verdadeiras fortunas", enquanto outros penam com uma população enorme e desassistida. "Política a gente tem de fazer de uma forma mais leve, não carrancuda", defendeu, para destacar que, a seu ver, "política é coisa de amor ao próximo".

No fim, sugeriu aos prefeitos que sigam o caminho da política fiscal austera e do choque de gestão. Alckmin acredita que será preciso fazer um esforço gigantesco para garantir a qualidade do gasto público. "Ou colocamos o dedo na ferida ou não vamos crescer", alertou, logo depois de exibir, em um telão, os números positivos de sua administração à frente do governo de São Paulo.

O tucano também arrancou palmas dos presentes quando protestou contra a valorização exagerada do real, que está sufocando a agricultura brasileira e impedindo a evolução do agronegócio. "Estamos matando a galinha dos ovos de ouro, e isso terá conseqüências lá na frente."

Embora considere "correta" a rede de proteção social, além de programas como o Bolsa Família, "que começaram no governo Fernando Henrique Cardoso", o pré-candidato ponderou que a questão central são o emprego e a renda. Recusou-se, porém, a falar em números e a repetir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu criar 10 milhões de empregos na campanha eleitoral passada. "Não digo que serão 10 milhões, mas vou pisar no acelerador."