Título: Alckmin tenta debelar crise que paralisa campanha do PSDB
Autor: Christiane Samarco, Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2006, Nacional, p. A5

Com Tasso e Bornhausen, tucano decidiu que aliança vai esperar definição do PMDB sobre candidatura própria

Brigas entre aliados, indefinição na escolha do vice, uma aposta incerta na tentativa de aliança com o PMDB e incertezas dentro de casa são problemas que atormentam o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB). Ontem ele e os presidentes de PSDB, Tasso Jereissati, e PFL, Jorge Bornhausen, definiram que a aproximação com o PMDB vai ter de esperar até o dia 13 de maio, quando uma convenção decidirá se o partido terá candidato próprio.

Em vários Estados seguem as brigas que ameaçam a aliança PSDB-PFL: sem os acertos estaduais, o PFL não consegue decidir quem será o vice; e no PSDB continuam as cobranças por uma campanha mais empolgante e estruturada.

Pressionado, Alckmin tem tentado ousar. Anteontem, sem ser convidado, foi a um jantar que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - um aliado do PT -, oferecia a prefeitos alagoanos. Falou aos prefeitos e tirou fotos com eles. Ontem, foi aplaudido de pé por 2 mil prefeitos que integram a 9ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, quando lhes propôs aumentar de 22,5% para 23,5% o bolo do Fundo de Participação dos Municípios. Na véspera, o presidente Lula fizera a mesma promessa, mas depois recuou dela.

Já que não consegue se acertar com os partidos, Alckmin mira nos prefeitos. No dia 4 ele será levado pelo governador Aécio Neves (MG) ao Congresso da Associação dos Municípios Mineiros, em Belo Horizonte, onde falará para 853 prefeitos mineiros, num palanque em que Lula também quer subir: ontem, a assessoria da Presidência contatou o governo mineiro para negociar a presença do presidente.

DESENTENDIMENTOS

Para acalmar as turbulências que alvejam sua pré-candidatura, Alckmin foi anteontem a um jantar com senadores e deputados do PSDB. Contou a eles a ênfase que deu, no governo de São Paulo, ao ajuste fiscal e à redução de impostos, o que foi interpretado como um sinal de que esses pontos constarão de seu programa econômico de candidato. Muitos parlamentares elogiaram o discurso, mas saíram com uma interrogação: o que podem fazer para ajudar a candidatura Alckmin?

As muitas frentes que assoberbam o pré-candidato criam sucessivas ondas que ameaçam sufocar a candidatura. Nervosos, Tasso e Bornhausen chegaram a trocar palavras duras, na busca de solução para impasses que ameaçam a aliança PSDB-PFL em vários Estados, com maior gravidade na Bahia, em Sergipe, em Goiás e no Maranhão.

A demora em equacionar os palanques estaduais da dobradinha PSDB-PFL está atrasando acordos que a tradicional aliança poderia fechar com o PMDB em Estados como Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, onde os dois não têm candidatos. Já está definido, no entanto, que Alckmin e Bornhausen tratarão da aproximação com o PMDB. Bornhausen pediu ontem que o comando da campanha de Alckmin se apresse em atrair PPS, PDT e PV.

Cheio de problemas, Alckmin pode ter criado mais um ontem, e justamente com seu parceiro Tasso Jereissati. Ele declarou apoio total à reeleição do governador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), um aliado que Tasso parece ter abandonado para apoiar Cid Gomes, irmão do ex-ministro Ciro Gomes, arquiinimigo de muitos tucanos.