Título: Nos EUA, tucanos reavaliam campanha
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Nacional, p. A7

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, reúne-se hoje em Nova York com dois outros cardeais do PSDB, o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para avaliar os eventos e conversar sobre a campanha do pré-candidato tucano ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin.

"O momento é de definir estratégias", disse Aécio. "É claro - e digo isso com muita franqueza - que todos nós gostaríamos que o Alckmin estivesse com o dobro do que está nas pesquisas." Numa linguagem que traz no mínimo apreensão diante do mau desempenho do candidato tucano até agora, Aécio afirmou: "É hora de ter muita serenidade, para que possamos executar uma estratégia que possa nos levar à vitória."

Segundo Aécio, "a candidatura Alckmin tem um grande potencial de crescimento". Ele conta que baseia seu otimismo, por exemplo, no fato de haver pesquisa mostrando que apenas 65% do eleitorado conhece o candidato, enquanto 99% sabe quem é o presidente Lula. E pesquisas qualitativas, prosseguiu, indicam que, quanto maior o índice de conhecimento de Alckmin, maior a intenção de voto nele. "Isso não ocorre em relação ao presidente Lula."

Revelando parte da estratégia tucana, o governador disse que estudo encomendado pelo PSDB e já discutido em reunião realizada em Belo Horizonte, com a participação de Jereissati e de Fernando Henrique, levou à identificação de três grupos que representam proporções iguais de um terço dos votantes: os eleitores tradicionais de Lula, que votaram nele três ou quatro vezes nas eleições presidenciais; os eleitores que jamais deram seu voto ao atual presidente; e os eleitores eventuais de Lula , que optaram por votar nele somente uma ou duas vezes.

"É nesses eleitores eventuais que o PSDB vai se concentrar agora", explicou Aécio. De acordo com o tucano, "você não conquista esse eleitor apenas desconstruindo a imagem do Lula" - embora isso não queira dizer que não haverá campanha negativa no ninho tucano.

"Essa questão ética gravíssima que tomou conta do País permeará a campanha com naturalidade", avalia o governador mineiro. Para ele, uma maneira de fazer com que o eleitor eventual de Lula abandone o petista desta vez é "focar muito na gestão pública eficiente". E, também, demonstrar que no Brasil de hoje não há mais lugar para messianismos e propostas inexeqüíveis, diferentemente do que ocorreu em 2002, na avaliação de Aécio. "Nosso candidato é um administrador sério, com resultados muito concretos."