Título: Diretor de estatal admite indenização com gás
Autor: Leonardo Goy e Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Economia & Negócios, p. B1

O gás natural pode ser usado como moeda para indenizar a Petrobrás pela estatização das refinarias instaladas na Bolívia. A proposta do ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, André Solíz Rada, está sendo analisada pela estatal, informou ontem o diretor da Área Internacional da companhia, Nestor Cerveró. "O gás natural é dinheiro, assim como qualquer outro combustível, desde que haja mercado para ele. Faz parte da negociação avaliar esta proposta", afirmou. A única possibilidade descartada pela Petrobrás, segundo Cerveró, é o não-pagamento da indenização - mas ele mesmo disse que o governo boliviano não apresentou ahipótese.

Cerveró aproveitou a oportunidade para rebater a afirmação do ministro boliviano de que a empresa teria de receber como indenização um valor menor do que o pago pelas refinarias. Solíz Rada alega que, quando comprou as refinarias, a estatal brasileira ficou também com os estoques de combustíveis das unidades, cujo valor deverá ser descontado agora. Esse valor foi descontado do que foi pago ao governo boliviano na época.

A Petrobrás, explicou, trata a Bolívia como caso isolado, que não interfere na estratégia para a América Latina. Até 2010, a companhia deve investir na região US$ 4 bilhões, inclusive numa planta de Gás Natural Liquefeito (GNL) na Venezuela, como programado antes da crise boliviana, e que agora pode ser usada para exportar gás para o Brasil.

Estão suspensos apenas os US$ 3 bilhões que seriam destinados a empreendimentos na Bolívia, que poderão ser remanejados para outras áreas, como o desenvolvimento de campos de gás em outros países ou mesmo no Brasil. Para exemplificar o interesse em negócios na América Latina, o diretor da Petrobrás citou o recente anúncio de investimento no Peru. "Vamos explorar quatro áreas na região em parceria com a estatal local."