Título: Governo quer reservar áreas a usinas e linhas de transmissão
Autor: Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B10

Idéia é evitar problemas ambientais na construção de novas hidrelétricas

O Ministério de Minas e Energia está estudando a possibilidade de elaborar um projeto de lei criando áreas reservadas para usinas hidrelétricas e linhas de transmissão de energia. A idéia é evitar problemas ambientais na construção de novas usinas. "Estamos propondo um texto de lei para que se criem áreas de preservação dos parques de geração e de passagem para as linhas de transmissão", disse ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

Segundo a explicação do ministro, se o governo identifica determinado trecho de um rio com potencial para geração hidráulica, essa área poderia ser reservada para uma usina hidrelétrica. Isso poderia reduzir questionamentos do ponto de vista ambiental sobre o uso dessas áreas para geração de energia. O mesmo raciocínio valeria para as áreas por onde passariam as linhas de transmissão.

"Assim como temos todo interesse em preservar os biomas (da natureza), também temos de preservar nossas riquezas e garantir o escoamento dessa energia por meio de linhas de transmissão", disse Rondeau, que fez questão de frisar que a proposta está em estudo.

O ministro participou ontem de reunião para apresentação dos estudos preliminares do Plano Nacional de Energia 2030, que trará cenários para a situação da energia no País nas próximas décadas e deverá ser concluído até o fim do ano.

Cálculos preliminares da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que deverão fazer parte do plano, apontam que, em 2030, a demanda por energia elétrica no Brasil chegará a cerca de 1,2 bilhão de megawatts/hora, cerca de três vezes mais do que os 440 milhões de MWh consumidos atualmente. Os estudos, divulgados pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, apontam também que o potencial total para a geração de energia hidrelétrica do Brasil é de cerca de 260 mil megawatts (MW). Atualmente, apenas 30% desse potencial (ou cerca de 80 mil MW) estão em operação ou em construção.

Tolmasquim ressaltou que, desses 260 mil MW, cerca de 43% (ou 112 mil MW) estão na Amazônia, o que faz da região - uma das mais delicadas do ponto de vista ambiental - a de maior potencialidade para geração de energia hidrelétrica do País.

O estudo identificou também as potencialidades de outras formas de geração de energia no País. As chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), capazes de gerar até 30 MW, podem somar 14,8 mil MW, praticamente a mesma energia gerada hoje pela usina de Itaipu. Já o parque eólico (energia utilizando o vento), se for totalmente desenvolvido no País, pode gerar mais de 140 mil MW (equivalente a dez Itaipus). Tolmasquim ressaltou, porém, que esses dados são preliminares.