Título: Produtores de SP pedem R$ 4 bilhões
Autor: Fabíola Salvador e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Economia & Negócios, p. B6

O alongamento dos débitos dos produtores provocados pelas safras 2004/05 e 2005/06, por um período de 15 a 20 anos, a fim de que os agricultores se reequilibrem financeiramente é uma das medidas propostas pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado de São paulo (Faesp), Fábio de Salles Meirelles, em manifesto divulgado ontem na 13ª edição da feira agrícola Agrishow, em Ribeirão Preto.

O documento pede também a ampliação dos recursos de apoio à comercialização de R$ 1,65 bilhão para R$ 4 bilhões, com opção de transformação das operações de EGF em AGF, além da criação de títulos da dívida agrícola para securitizar os débitos existentes, lastreados em fundo de aval do governo federal.

Outra medida sugerida pela Faesp e pelos sindicatos rurais é a implementação de uma política agrícola de médio e longo prazos, calcada em instrumentos de garantia de preços mínimos e seguro de produção e renda.

O documento considera insuficientes as medidas anunciadas na semana passada pelo governo federal para amenizar a crise e, antes de fazer as reivindicações, questiona: "Será que é necessário esperar o desemprego no campo, a insolvência generalizada e o comprometimento do patrimônio de muitos produtores para que isso seja entendido e providências sejam tomadas?"

FINANCIAMENTOS Durante a realização do Agrishow, a expectativa do Banco do Brasil é de liberar financiamentos de R$ 300 milhões este ano. O gerente da agência do banco instalada no local da exposição agrícola, José Manoel, disse que no primeiro dia da feira a movimentação superou o volume esperado. O banco recebeu ontem 200 propostas de financiamentos, o que representa cerca de R$ 20 milhões. Porém, apesar do grande número de propostas, os pedidos devem ser inferiores aos do ano passado. Em 2005, o BB recebeu 2 mil propostas, com giro de mais de R$ 400 milhões. A linha mais procurada no primeiro dia foi a do Moderfrota, do Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinada à renovação da frota agrícola.

Na Nossa Caixa, banco cujo foco está nas linhas de crédito para pequenos e médios agricultores, a procura por financiamentos também surpreendeu. Segundo o gerente regional de negócios, João Braz Trentino, ontem foi o "primeiro melhor dia" desde que o banco começou a participar da feira, há três anos. O banco recebeu 200 pedidos para financiamento, que atingiram R$ 10 milhões. Pelo movimento no primeiro dia, os financiamentos poderão superar os R$ 70 milhões de 2005.