Título: Pacote do agronegócio demora, diz Rodrigues
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B10

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que o pacote de medidas estruturais para o agronegócio, previsto para o final de abril, só sairá dentro de três semanas. "O governo está fazendo as contas, e, quando o assunto é redução de impostos, você tem de sangrar em alguma área, e essa é a discussão atual", disse o ministro, após participar das comemorações dos 33 anos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).

Uma das medidas previstas no pacote é a diminuição de impostos sobre a importação de insumos e a redução das alíquotas de PIS e Cofins incidentes sobre produtos agrícolas. O ministro reafirmou que a crise no setor do agronegócio nos últimos dois anos causou prejuízo de R$ 30 bilhões aos produtores rurais. "É uma crise sem precedentes na agricultura", disse Rodrigues. "A crise tem vários motivos: câmbio, taxa de juros, seca e logística".

O ministro anunciou a criação de um consórcio para o desenvolvimento da cadeia de agroenergia. Rodrigues afirmou que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem interesse em financiar a construção de um pólo de agroenergia na América Latina e no Brasil.

Segundo o ministro, o Brasil terá o que o BID chama de "Bangalore", ou seja, um centro de alta tecnologia, numa referência à cidade de mesmo nome na Índia. No local estarão reunidos bancos, instituições de pesquisa em agroenergia e interessados neste segmento. O governo pretende investir R$ 10 milhões no centro de alta tecnologia, dos quais R$ 5 milhões este ano e R$ 5 milhões em 2007. Os parceiros serão reunidos ao redor da Embrapa.

Também fará parte do grupo a Itaipu Binacional, o que mostra, segundo Rodrigues, a importância da agroenergia para o País. "Nós vamos mudar a estrutura do planeta na área energética", disse. "O império do petróleo ainda vai demorar para chegar ao fim, mas seus alicerces começam a tremer".