Título: Para novo diretor do BC, valorização do real será freada
Autor: Fabio Graner e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Economia & Negócios, p. B11

Puxado pela queda dos juros, o crescimento da economia e a conseqüente expansão das importações vão frear o processo de valorização do real verificado nos últimos meses, avaliou o economista Mário Mesquita, indicado para a diretoria de Estudos Especiais do Banco Central, na sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele foi aprovado, junto com o economista Paulo Vieira da Cunha - este, para a diretoria de Assuntos Internacionais do BC. Falta a deliberação do plenário da Casa, que ocorrerá depois que a pauta for liberada pela votação de medidas provisórias.

O novo diretor reconhece que o câmbio pune hoje alguns setores, como o agronegócio, mas acredita que o dólar voltará a um nível mais equilibrado em relação ao real: "Não creio que essa tendência (de valorização do real) seja permanente. As estatísticas mostram que a taxa de câmbio, ajustada pela inflação, tende a retornar à sua média histórica de longo prazo. Isto é um processo gradual. Demora um certo tempo, mas acredito que vai acontecer."

Mesquita defendeu o câmbio flutuante, combinado com um regime de metas de inflação. "Aqui e ali, surgem analistas sugerindo que deveríamos ter câmbio estabilizado, ou com flutuação limitada. Se a tarefa do BC fosse essa, teria de relegar a segundo plano o objetivo de atingir a meta de inflação."

Vieira da Cunha engrossou o coro da ortodoxia, falando em cautela e prudência. "Na batalha contra a inflação, a vitória, até agora, restabeleceu a credibilidade do BC. Mas a vigilância deve ser contínua, para resguardar os ganhos na redução da inflação".