Título: Tabaré quer um 'Mercosul que sirva a todos'
Autor: Marina Guimarães
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B9

Para o presidente do Uruguai, uma forma de obter mais equilíbrio é abrir bloco a autros países, como o México

Um dia depois de os presidentes da Argentina, Brasil e Venezuela, Néstor Kirchner, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, respectivamente, terem se reunido em São Paulo para emitir um sinal de união do Mercosul, no México, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, reuniu-se ontem com o seu colega mexicano, Vicente Fox, e reiterou suas críticas ao bloco regional.

"Para o Uruguai, o Mercosul continua sendo uma prioridade estratégica, não este que não nos serve, mas um que dê respostas às condições heterogêneas dos países e ao objetivo de uma integração que sirva a todos", disse Tabaré em entrevista coletiva, concedida ao lado de Fox, na Cidade do México.

Para Tabaré, uma forma de conseguir maior equilíbrio ao Mercosul é abri-lo à participação de outras nações como o México, que pediu sua adesão como membro associado.

"Sem dúvida todas essas disparidades que existem neste momento no Mercosul se vão atenuando à medida que a nação latino-americana entre no bloco", opinou Tabaré, segundo noticiaram os jornais online argentinos.

O presidente uruguaio defendeu a entrada do México para "conseguir maiores equilíbrios internos" no Mercosul que, segundo ele, "vive um de seus piores momentos."

Fox, por sua vez, fez comentários sobre sua intenção de se associar ao Mercosul e agradeceu o "apoio entusiasmado" do Uruguai. O presidente mexicano disse ainda que seu país quer "compartilhar" com o resto da América Latina "as bondades" dos tratados de livre comércio que os Estados Unidos, Canadá e México (Nafta) têm assinado com os países isoladamente, um por um.

Fox defendeu os tratados de livre comércio já que, segundo disse, servem para gerar empregos, alentar o desenvolvimento e combater a pobreza. "Em alguns países latino-americanos há certa confusão sobre os benefícios do comércio livre e justo para conseguir a integração e o desenvolvimento social", queixou-se Fox, sem precisar sobre quais países fazia referência.

No entanto, não é segredo que países como Argentina, Brasil e Venezuela, por exemplo, são contra os mencionados acordos por entenderem que estes, isoladamente, enfraquecem o poder de negociação dos países menores. Brasil e Argentina defendem que estas negociações sejam realizadas em bloco, como o Mercosul.

Na última Cúpula das Américas, em novembro do ano passado, em Mar del Plata, Fox travou uma dura briga com os presidentes argentino, Néstor Kirchner, e venezuelano, Hugo Chávez. Na ocasião, Fox foi um dos maiores defensores da retomada das negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), contra a posição do Mercosul e Venezuela.