Título: Kirchner busca apoio contra fábrica de celulose
Autor: Marina Guimarães
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

Presidente argentino convoca reunião com todas as províncias do país para suspender obras no Uruguai

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, endureceu ontem sua posição no conflito que trava com o Uruguai por causa das obras de instalação de duas fábricas de papel e celulose às margens do Rio Uruguai, fronteira com o país vizinho.

Kirchner convocou os governadores de todas as províncias argentinas para uma reunião no próximo dia 5, na cidade de Gualeguaychú, fronteira entre os dois países, para insistir na suspensão das obras em Fray Bentos, no lado uruguaio. Por temor que as fábricas contaminem o rio, Kirchner quer que as obras sejam suspensas enquanto seja feito um novo estudo detalhado sobre o impacto ambiental na região.

Kirchner quer o apoio político do país. O encontro será realizado justamente na cidade que mais tem oferecido resistência e oposição à construção das fábricas. Gualeguaychú, do lado argentino do rio, é unida por uma ponte à Fray Bentos, e é o palco dos principais bloqueios do trânsito que vêm sendo feitos desde dezembro e já provocaram prejuízos de US$ 400 milhões, segundo o governo uruguaio.

O presidente promete fazer um grande ato, como última tentativa de conseguir a paralisação das obras, antes de entrar com uma demanda contra o Uruguai na Corte Internacional de Haia, sob o argumento de que o país vizinho violou tratados bilaterais. "Não conseguimos ainda um relatório de impacto ambiental, então estamos trabalhando agora na apresentação de uma demanda diante da Corte. Não vejo o que mais podemos fazer", disse o chanceler argentino, Jorge Taiano.

De acordo com uma nota oficial do governo de Entre Rios, onde está a cidade de Gualeguaychú, a reunião "buscará manifestar um compromisso público em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida".