Título: Presos pedem e governo libera 60 aparelhos de TV
Autor: Marcelo Godoy, José M. Tomazela e Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Metrópole, p. C1

O secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, admitiu ontem que permitiu a entrada de televisores para serem instalados em áreas comuns das penitenciárias do Estado. Essa era uma das reivindicações apresentadas pelo Primeiro Comando da Capital em março para que a paz voltasse aos sistema prisional. A autorização ocorreu há um mês e o PCC comprou 60 aparelhos.

"Não vi nada de mal, desde que não comprometa a segurança." O secretário afirmou não saber quem comprou as TVs que seriam postas nas entradas das galerias de celas. Com a transferência dos líderes do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, eles ficaram sem TV, o que os deixou contrariados, pois iam perder os jogos da Copa do Mundo.

Furukawa negou ter feito um acordo com Marcos Willians Herbas Camacho,o Marcola, para que as rebeliões terminassem. Segundo ele, o líder do PCC pediu o fim do Regime de Observação (RO) para os 765 presos transferidos para Venceslau. No RO, o preso não pode receber visitas ou tomar banho de sol.

Segundo Furukawa, Marcola também pediu que os advogados pudessem entrar na prisão. "Ele não foi atendido, pois não houve acordo."

Marcola é intocável nos presídios. Ao contrário dos demais, ele goza de mordomias que irritam agentes penitenciários e diretores de presídios. Além de receber mais visitas íntimas que os demais, há sempre um detento disposto a assumir uma contravenção para livrar Marcola de complicações.

No início deste ano, a cela onde Marcola cumpria pena, em Presidente Bernardes, teve as grades serradas, mas ele foi inocentado pela Justiça porque seus companheiros "assumiram a bronca" e não houve como provar que ele comandava a fuga.

"O pior é a indisciplina", dizem diretores ouvidos pelo Estado. "Ele não respeita ninguém, é um folgado. Nas revistas, os detentos são obrigados a agachar de costas para a Tropa de Choque verificar se algum esconde alguma coisa entre as nádegas. Todo preso passa por isso, menos Marcola."