Título: Alckmin cobra liberação de recursos federais
Autor: Marcelo Godoy, José M. Tomazela e Chico Siqueira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2006, Metrópole, p. C1

Em sua mais enfática manifestação desde o início da ofensiva do crime organizado em São Paulo, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, atacou ontem o governo Lula. O ex-governador cobrou da administração federal a liberação dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional e do Fundo de Segurança Pública, que estão bloqueados pela equipe econômica. "É a melhor ajuda que o governo federal pode dar para solucionar a crise da segurança pública em São Paulo e em outros Estados", afirmou.

Alckmin não vê problemas em o governo estadual aceitar a oferta de envio de tropas federais para ajudar no combate ao crime organizado, "se houver necessidade". Mas acredita que a questão agora é outra. "Prioridade sem orçamento é discurso", emendou. "Isso aí é uma guerra. Temos de vencer batalhas todos os dias e, às vezes, a gente perde uma batalha", comentou, ao negar qualquer negociação com o PCC. "O governo não recuou um milímetro. É só não amedrontar e partir para cima do crime organizado que a rebelião acaba. O enfrentamento é duríssimo, mas se não partirmos para cima, eles vão virar Farc", afirmou, referindo-se às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

De manhã, o tucano teve um encontro com parlamentares do PSDB e do PFL. Saiu dali com um elenco de sugestões para complementar o pacote de segurança que está no Senado. À tarde, encontrou-se com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e com o relator do pacote, Demóstenes Torres (PFL-GO). "A lei é muito dura para os pequenos delitos e fraquinha para o crime organizado", avaliou Alckmin, ao sugerir que se faça uma revisão nos Códigos Penal e de Processo Penal e na Lei de Execuções Penais.

Entre outras medidas, ele sugere que se tipifique como crime o fato de o preso portar um celular no presídio, e também quer o aumento da pena dos presos que destruírem penitenciárias em rebeliões. Nas conversas, insistiu que a questão precisa ser tratada "de forma técnica e suprapartidária", uma vez que a atitude dos criminosos foi uma resposta à ação dura e necessária do governo estadual, que "pôs o dedo na ferida". "Eles entraram em desespero porque houve uma remoção em massa de presos ligados ao crime organizado", avaliou.

O coordenador de campanha do tucano à Presidência, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), disse ontem que a União fez "oferta publicitária" ao colocar à disposição do governo paulista forças federais para ajudar a controlar a onda de violência.Guerra disse que não há como medir, agora, o impacto dos atentados na campanha de Alckmin. "O eleitor fica confuso, mas fatos como este não produzem responsabilização individual. (O episódio) mostrou que o Brasil está doente."