Título: Para Rondeau, Bolívia não conhece plano do gasoduto
Autor: Irany Tereza, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, rebateu ontem as declarações do vice-ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Júlio Gomez, que classificou de "maluquice" o projeto do supergasoduto para ligar a Venezuela à Argentina, passando pelo Brasil. Rondeau frisou que, se Gomez realmente fez a declaração, "é porque, provavelmente, não conhece o projeto".

A disposição de tocar o projeto - obra de 9.200 quilômetros com custo estimado em US$ 20 bilhões - foi reafirmada quarta-feira, em São Paulo, em reunião entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Néstor Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez.

Rondeau reiterou que o projeto será apresentado à Bolívia e a outros países da América do Sul que poderão participar. A adesão da Bolívia é considerada fundamental por ser o 2º maior produtor de gás da região, atrás da Venezuela. "Espera-se que a o país integre e conheça os fundamentos e bases do projeto de integração da América do Sul."

Questionado sobre os recentes problemas com o governo boliviano - da questão da nacionalização das reservas de gás até a saída forçada do país de uma siderúrgica do grupo brasileiro EBX -, Rondeau disse que a Bolívia tem tudo para ser um parceiro confiável. "Depende dela. Nós esperamos que seja."

PINEL O supergasoduto entre a Venezuela e os países do Mercosul foi objeto da ironia do líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), que, em discurso da tribuna, ontem, chamou o projeto de "pinelduto". Virgílio disse que é preciso prudência com um projeto de tão grandes dimensões e pediu ao governo que não adote "à sorrelfa" nenhuma medida. O senador leu parte final do editorial do Estado ontem, intitulado 'Lesa-Pátria', que critica o projeto.

Virgílio pediu que o texto do editorial fosse anexado a seu discurso. O editorial afirma que o presidente Lula "segue o script" feito pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, "assim como vai permitindo que a Petrobrás e outras empresas brasileiras sejam espoliadas na Bolívia".