Título: Juros continuam a cair, diz Mantega
Autor: Gustavo Freire, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B4,5

Em reunião da Fiesp, ministro tranqüiliza empresários e diz que condições são favoráveis à tendência de queda

A visão do mercado financeiro de que ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, tenha sido conservadora é apenas "uma interpretação", entre outras possíveis. A opinião é do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"Os textos nunca são tão explícitos", disse ontem o ministro, após participar de reunião com diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na sede da entidade empresarial, na capital paulista. Segundo ele, os "dados concretos" olhados pelo governo demonstram que a inflação está sob controle, inclusive com a projeção do IPCA abaixo do centro da meta para o fechamento do ano.

"Nunca tivemos uma situação tão boa de controle inflacionário, com o centro abaixo da meta", argumentou. "Com certeza, continuará havendo redução da taxa de juros. Fiquem tranqüilos, porque as taxas continuarão caindo porque as condições são favoráveis."

Segundo Mantega, a prova dessas condições favoráveis é o fato de os juros futuros estarem em queda, ao mesmo tempo em que tem diminuído o custo para a rolagem da dívida pública, bem como também estão menores as taxas cobradas pela iniciativa privada para a colocação de papéis.

Na apresentação aos empresários, Mantega mostrou uma projeção da Selic para o fim do ano em 15,2%, baseada em "pesquisas de mercado", considerando, entretanto, a previsão "muito conservadora". Mesmo assim, ele não quis estimar se o Banco Central poderá reduzir o gradualismo de corte da taxa Selic para abaixo de 0,75 ponto porcentual. "O ritmo de queda é atribuição do Copom", esquivou-se.

MENOS AUSTERIDADE Por entender que a inflação está sob controle, Mantega admitiu a possibilidade de a política monetária ser "menos austera" no futuro, como forma de incentivar a atração de mais investimentos. Ele insistiu, entretanto, que as condições para investimentos produtivos no País hoje estão melhores, por causa da redução de custos de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do crédito agrário e no conjunto do mercado de capitais. "Existe um boom no sistema de crédito no mercado brasileiro."

O governo avalia, neste momento, que o País passa por um período de "franca ascensão" de investimentos produtivos. "Os dados do setor de bens de capital apontam crescimento em janeiro e fevereiro e a construção civil está crescendo. Também o consumo aparente de bens de capital está muito superior, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)", disse o ministro.

No encontro com empresários, Mantega reiterou expectativa de que o crescimento brasileiro, em 2006, ficará em 4,5% e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretende transformar este nível em piso para os próximos anos. "Nossa intenção é de cumprir as projeções da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de crescimento de 4,5% neste ano; 4,75% no ano que vem e de 5% em 2008", informou.