Título: 'Superávit pegou muitos de surpresa'
Autor: Gustavo Freire, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B4,5

Resultado dá tranqüilidade para cumprimento da meta, diz ministro

O superávit primário divulgado quarta-feira pelo governo federal, que corresponde a 4,39% do PIB, no resultado acumulado no primeiro trimestre e nos últimos 12 meses encerrados em março, traz "tranqüilidade" para o governo no cumprimento da meta. A avaliação foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após reunir-se com empresários na da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. "Os resultados pegaram muita gente de surpresa", disse em tom irônico.

Segundo ele, a situação do governo é "confortável" para atingir a meta de 4,25% do PIB estabelecida para este ano. Ele minimizou o fato de o superávit ter sido atingido graças à participação preponderante da Petrobrás e de outras estatais. "A meta é cumprida pelo conjunto de governo central e estatais. Estamos cumprindo a meta e vamos cumpri-la até o final do ano."

Mantega afirmou que o governo manterá a rigidez para enxugar gastos onde for possível, destacando as despesas consideradas menos prioritárias. Ao mesmo tempo, recusou a análise de que os investimentos públicos estão diminuindo. Ele argumentou que os dados sobre os investimentos deveriam ser analisados de forma mais detalhada por economistas, pelo mercado e de forma mais especial pela imprensa.

De toda forma, Mantega insistiu que os gastos públicos também contribuem para o crescimento do PIB, mas preferiu não estimar qual seria seu peso no crescimento da economia. "Vamos tentar maximizar os investimentos públicos. O governo tem um papel com o seu consumo."

Mantega disse ainda que a relação entre a dívida pública e o PIB poderá ficar abaixo de 45% em 2009. Ele explicou que, para atingir esse nível, a projeção considera a manutenção do superávit primário de 4,25% do PIB ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, um padrão de crescimento superior a 4,5% até 2009.

"Também consideramos a manutenção da queda da Selic, como tem ocorrido nos últimos tempos", disse, recusando-se, porém, a informar quais projeções da taxa de juros seriam necessárias para o período de 2006 a 2009, como condição para que a estimativa da relação dívida/PIB se concretizasse. "Estamos com a menor Selic nominal de todos os tempos e vamos conseguir os juros reais menores possíveis."