Título: Indústria de SP cresce pelo 5º mês
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Em todo o ano passado indicador de atividade subiu 1,8%, mas no primeiro trimestre já apresenta alta de 8,6%

O Indicador de Atividade Industrial (INA), apurado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), cresceu em março pelo quinto mês consecutivo (1,1% ante fevereiro com ajuste sazonal ou 10,8% sem ajuste), colocando a produção industrial paulista em novo nível de crescimento. Em todo o ano passado, o INA subiu 1,8%, mas no primeiro trimestre de 2006 já apresenta alta de 8,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Na avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, a atividade deve continuar em alta nos próximos meses, mas em ritmo menor, já que a base de comparação no segundo trimestre é mais forte do que a do primeiro. Dessa forma, o INA deve encerrar o ano com aumento entre 5,5% e 6%.

O INA apresentou variação negativa pela última vez em outubro (1,1%) do ano passado. Em novembro, a alta foi de 2,9%; em dezembro, de 2,4%, em janeiro de 2006, de 1,8%, e em fevereiro, de 1,8%, sempre com ajuste sazonal.

"A mudança de patamar da atividade mostra um cenário muito positivo nos mercados interno e externo", ressaltou o diretor-adjunto do Departamento de Economia do Ciesp, Antonio Corrêa de Lacerda, lembrando que os juros externos continuam baixos e a demanda por exportações, altos. Quando se analisa o mercado interno, há pelo menos três fatores que afetam positivamente a produção, completou Francini: a redução da Selic, o reajuste do salário mínimo acima da inflação e a aceleração dos gastos públicos. "Não podemos esquecer da oferta de crédito, que ainda tem espaço enorme para crescer", acrescentou Lacerda.

Por seu peso na atividade, o setor de alimentos foi destaque na alta do INA em março, com 1,3% na série com ajuste e 11,8% sem ajuste. Mas em termos de variação o setor de máquinas e equipamentos foi forte, com 4,1% (com ajuste) e 17,3% (sem ajuste).

O diretor da Fiesp disse, em tom de brincadeira, temer que o Banco Central leia os dados do INA no noticiário e os interprete como uma forte recuperação da produção, alterando a política de corte de juros.

De qualquer forma, ressaltou Lacerda, o otimismo não é generalizado. Segundo ele, o INA mostra a média da atividade industrial, mas há setores que vivem "pequenas tragédias", como têxteis, calçados e o segmento de máquinas injetoras de plástico. Em março, a atividade do setor de produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos caiu 2% em relação a fevereiro, sendo destaque de baixa no indicador.

Segundo Corrêa de Lacerda, a alta de 4,1% na atividade industrial do setor de máquinas e equipamentos em março em relação a fevereiro com ajuste sazonal e de 17,3% na base com ajuste, segundo a pesquisa mensal de atividade da Fiesp e do Ciesp, comprova a intenção dos empresários em modernizar o parque industrial.

Ele acredita que o investimento industrial só não é mais forte porque ainda há ociosidade, o que não justifica investir para ampliar a produção. "Mas, certamente, estamos vivendo um momento de modernização do maquinário."