Título: Justiça americana dá mais 1 mês à empresa
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

Com a decisão, credores ficam por ora impedidos de arrestar aviões para garantia de dívidas

A Varig obteve ontem fôlego de um mês na disputa com as empresas de leasing. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, decidiu prorrogar até o dia 31 de maio a liminar que protege a Varig do arresto dos seus aviões pelos credores.

Durante a audiência de ontem, os advogados dos credores da Varig tiveram uma postura bastante agressiva contra a empresa brasileira. O juiz argumentou que o prazo de um mês pode ser crucial para que a empresa avance nas negociações com a VarigLog, embora se declarasse sensível à demanda dos credores.

Drain sugeriu que a proposta da VarigLog poderia conter modificações para contemplar os credores que não estão incluídos nas negociações no Brasil. Drain observou que credores, como os de equipamentos, não estão protegidos, no Brasil, no caso de a Varig fechar um acordo com a VarigLog, "podendo até ter de pagar para ter seus equipamentos de volta". "Tenho o temor real de que quem possui as partes (dos aviões) não seja compensado (num acordo com a VarigLog)."

Drain acrescentou, no entanto, que a prorrogação da liminar também dá o direito de os credores decidirem, durante assembléia a ser realizada na próxima terça-feira, se aceitam ou não as alternativas que estão sendo negociadas pela Varig.

PLANO B Presente à audiência, Luis de Lucio, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, afirmou que a empresa aérea já tem um plano B caso a negociação com a VarigLog não avance. Lucio enfatizou a disposição da Varig em concluir um acordo com a VarigLog, mas disse que a empresa delineou, há poucos dias, um plano alternativo.

"O plano B foi costurado agora, mas o foco é o plano A (a negociação com VarigLog)", afirmou o diretor. No plano B, segundo ele, a linha internacional continuaria com a Varig, enquanto seria vendido o controle das operações domésticas.

"Já há interesse para fazer (o plano) acontecer. A idéia seria levar a operação doméstica para leilão", afirmou. Segundo Lucio, já há interessados na negociação do plano B, que poderia começar a ser posto em prática já em junho.

Lucio reconheceu as dificuldades para fechar o acordo com a VarigLog. "Mas já superamos uma delas", afirmou, em referência à manutenção da liminar impedindo o arresto das aeronaves. "Sem a liminar, a retomada dos aviões começaria", comentou.