Título: Satélite de Israel indica preparativo de ataque aéreo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Internacional, p. A16

Olho eletrônico pode rastrear alvo para que ele seja atingido por míssil

Israel lançou há dois dias um satélite de alta definição capaz de olhar para o chão do Irã e identificar objetos de 70 centímetros, uns 10 centímetros maiores que esta página. Se o alvo estiver em deslocamento, melhor ainda: será rastreado e seu curso projetado, permitindo que seja atingido por um míssil ar-terra lançado de grande distância. Na guerra moderna, o trabalho do olho eletrônico de Israel é o movimento preparatório de um ataque aéreo maciço.

Ameaçado de vir a ser "varrido da face da Terra", pelo presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, o estado israelense é a mais poderosa força militar da região - tem 170 mil soldados, 100 mísseis estratégicos de alcance na faixa de 2 mil km e cerca de 200 armas nucleares.

Pode alinhar 3.700 tanques, 500 aviões de combate, milhares de canhões, mísseis táticos convencionais e sistemas de armas de tecnologia avançada.

Contra a ameaça dos mísseis BM-25/27 Shahab-5/7, produzidos em cooperação pelo Irã e pela Coréia do Norte - o primeiro lote já foi entregue à Guarda Revolucionária Islâmica - combinada com um programa de capacitação no setor atômico, Israel pode optar por um ataque preventivo. O bombardeio cobriria seis objetivos prioritários - Arak, Lavizan, Natanz, Isfahan, Bushehr e Kalaye - situados a distâncias entre 700 e 1.900 quilômetros de Israel. Bushehr, na região do Golfo, é um ponto-chave. Alí está sendo construído um reator de tecnologia russa para geração de energia. Quando estiver funcionando a plena, capacidade produzirá, como lixo secundário, plutônio suficiente para que o Irã construa 30 bombas atômicas de média capacidade por ano. Em Natanz, o centro experimental onde o Irã faz o enriquecimento de urânio, dois terços do complexo estariam debaixo da terra, em abrigos blindados, amplos para receber 50 mil centrífugas até 2012.

Isfahan guarda uma fábrica de mísseis - convencionais e estratégicos. As ogivas desses lançadores saem de Lavizan, base da indústria eletrônica local e das atividades de emprego civil e de defesa. Arak é a sede da linha de insumos nucleares.

Na secreta Kalaye foram encontrados, por peritos da Agência Internacional de Energia Atômica, vestígios de urânio altamente enriquecido, adequado apenas para o uso em armas de fissão de átomos pesados