Título: Duas emendas vão sugerir a apuração do mensalão
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2006, Nacional, p. A8

Para desgosto de boa parte da cúpula do PT, pelo menos duas emendas que vão a voto no seu 13º Encontro Nacional defendem a autocrítica e a apuração das responsabilidades de todos os petistas citados no escândalo do mensalão, inclusive dos deputados absolvidos pela Câmara, João Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP) e João Magno (MG). Ao lado do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, todos devem participar do encontro.

Desde o início da crise política, o PT submeteu à Comissão de Ética e expulsou o ex-tesoureiro Delúbio Soares. O ex-secretário-geral Sílvio Pereira pediu sua desfiliação. O ex-presidente José Genoino e o ex-secretário de Comunicação Marcelo Sereno se afastaram da direção. E foi só. A comissão de sindicância criada para avaliar o comportamento de todos os petistas envolvidos ainda na gestão provisória do hoje ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, foi enterrada sem apresentar resultados.

"O PT ainda deve satisfações ao povo brasileiro. E o nosso povo as merece (...). O Diretório Nacional continuará a apurar as responsabilidades de dirigentes e parlamentares do partido acusados de envolvimento em casos de corrupção, garantindo amplo direito de defesa", diz o projeto de resolução da Democracia Socialista (DS) para o debate sobre Construção Partidária, marcado para domingo. "Todos devem ser submetidos à Comissão de Ética, onde poderão fazer sua defesa", afirmou o secretário-geral do PT, Raul Pont, membro da DS.

A FUNDO

Tarso cobra da direção que apresente as conclusões da sindicância e deve auxiliar no difícil trabalho de articulação para aprovar a proposta. O Diretório Nacional já derrubou sugestões iguais mais de uma vez.

"O PT tem que ir a fundo para verificar quais foram os métodos de direção que permitiram que esses erros prosperassem entre nós", afirmou. "O PT ainda não fez substancialmente uma revisão disso e deve fazer."

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT) sustenta que o PT esgotou o assunto mensalão no processo de eleição interna, em setembro. "O importante é debater como evitar que o problema se repita. Não perseguiremos ninguém."

Outra emenda, de parlamentares de Mato Grosso liderados por Gilney Viana, recomenda ao 13º Encontro que faça "uma severa crítica pública" e responsabilize politicamente os dirigentes envolvidos no escândalo pelos "danos causados" ao PT e ao governo Lula.