Título: SEM CULPADOS
Autor: LEONENCIO NOSSA, EMÍLIO SANT'ANNA
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2006, Vida&, p. A22

Paulo Ricardo Santos Nunes *

O que ficou definido na reunião de ontem com os sindicalistas?

Hoje (ontem) foi instalada a mesa de negociação com os representantes da categoria que concordaram com a proposta do governo de abrir uma mesa de negociação. Todos os trabalhadores sob a liderança do Sinagências estão retornando ao trabalho. Ainda estão parados os servidores dos portos de Santos e Itajaí e dos Estados de Alagoas e Bahia. O governo não vai oferecer nada. O governo vai construir junto à categoria a pauta de reivindicação, o que for viável dentro do Orçamento. Vamos discutir isso na quarta-feira.

Os servidores são intransigentes?

Sim. Hoje pela manhã tivemos uma reunião com os sindicalistas da Fenaspes, que se mostraram intransigentes. Eles mantêm a greve. A Anvisa, independentemente de a categoria se manter em greve, está montando uma força-tarefa para trabalhar no sábado, no domingo e no feriado na liberação de matérias-primas e de produtos retidos no Porto de Santos.

A greve trouxe conseqüências para o estoque de medicamentos?

Lógico. A greve criou um problema para o País. A greve alcançou um objetivo e agora está terminando. Embora tenham ocorrido indicações na imprensa de que os servidores não liberaram produtos essenciais para saúde pública, como os kits de diagnósticos para aids e dengue, posso dizer que os medicamentos sempre foram liberados. Espero que até o domingo, dia 8, tenhamos a normalidade na atuação da Anvisa.

Com essa intransigência, é possível acabar com a paralisação nos portos de Santos e Itajaí e nos Estados de Alagoas e Bahia?

É isso que preciso conversar com os dirigentes sindicais. Quem não está disposto a conversar com o governo e quer manter a greve tem direito absoluto de fazer greve. Agora, vamos cumprir nosso papel de governo também, vamos fazer a força-tarefa até que os trabalhadores mudem de idéia e voltem aos seus postos de trabalho.

Quem vai ser o culpado se algum cidadão for prejudicado pela falta de medicamentos?

Não existem culpados. A Anvisa trabalhou o tempo todo para manter sua missão, que é proteger a saúde da população.