Título: Al-Qaeda ainda é ameaça, diz relatório
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2006, Internacional, p. A19

No entanto, informe anual dos EUA sobre terrorismo indica que grupo já não é o mesmo de quatro anos atrás

WASHINGTON

Os líderes da Al-Qaeda perderam parte significativa do controle da rede terrorista por causa da prisão ou da morte de dirigentes importantes, mas continuam representando a principal ameaça para os EUA e seus aliados, diz o relatório anual sobre terrorismo do Departamento de Estado americano, divulgado ontem em Washington. De acordo com o documento, o saudita Osama bin Laden e outros líderes da Al-Qaeda estão dispersos e em fuga e o Afeganistão já não é mais um abrigo para a rede terrorista.

"A Al-Qaeda já não é mais a organização que era quatro anos atrás", diz o relatório, segundo o qual as relações entre o grupo de Bin Laden e a milícia radical afegão Taleban estão debilitadas. Ainda segundo o Departamento de Estado, as finanças e a logística da Al-Qaeda foram abaladas pela guerra ao terror.

O relatório também aponta o Irã como o país que mais ativamente patrocina o terrorismo no mundo. E indica que os Guardiães da Revolução Islâmica e o Ministério de Inteligência e Segurança iranianos estão diretamente envolvidos no planejamento e apoio de ações terroristas.

Em 2005, informa o relatório, houve 11 mil ataques considerados pelos EUA como terroristas em todo o mundo. Nestas ações, morreram mais de 14.600 pessoas. O número de atentados é quatro vezes superior ao registrado em 2004, mas o Departamento de Estado evitou atribuir isso ao acirramento da resistência no Iraque - onde ocorreram 8.300 dessas mortes. O aumento foi creditado à mudança de critérios para a classificação dos incidentes.

Embora o relatório da administração de George W. Bush destaque que militares dos EUA frustraram atentados e seqüestros promovidos pelo grupo do terrorista Abu Musab al-Zarqawi - o líder da Al-Qaeda no Iraque -, o texto ressalta que "a batalha (no Iraque) ainda está longe de seu fim".

A menção ao Iraque coincidiu com o anúncio da morte, por parte de fontes dos militares americanos e de autoridades iraquianas, de um importante dirigente da célula de Samara do grupo de Zarqawi. De acordo com essas fontes, Humadi al-Takhi comandava a guerrilha no distrito e foi morto quando soldados invadiram sua casa.

Ainda ontem, o número 2 da Al-Qaeda, o egípcio Ayman Zawahiri, divulgou um vídeo pela internet no qual afirma que a resistência islâmica "quebrou o pescoço da América" em três anos de guerra no Iraque. Ele diz que as forças lideradas pelos EUA tiveram apenas "derrotas e desastres" no Iraque.

O relatório americano não se restringiu à tensão no Oriente Médio. O documento critica, por exemplo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusado de cooperar com nações que promovem o terror, como Cuba e Irã. O texto também faz referência ao Brasil.