Título: Alckmin culpa Lula por impunidade
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Nacional, p. A8

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, defendeu ontem o endurecimento das leis penais e voltou a acusar o governo Lula de prejudicar o combate ao crime organizado. Em Macapá, Alckmin disse que a lei é branda com o crime organizado e a corrupção. "A legislação é muito dura com o ladrão pequeno e muito fraquinha com o crime organizado e o criminoso do colarinho-branco, com gente que devia estar na cadeia e está aí fazendo discurso."

O ex-governador devolveu as críticas do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Citou lei do Executivo aprovada no fim de 2003 como uma das causas de São Paulo não ter conseguido isolar líderes criminosos. "É a lei Lula", disse. "Antes não se precisava de autorização judicial para pôr um líder de facção criminosa no regime disciplinar diferenciado. Era decisão do sistema penitenciário. Desde a lei Lula não pode mais."

Ele disse que quer alterar os Códigos Penal e de Processos e a Lei de Execuções Penais. Defendeu ainda a redução da maioridade penal, uma das nove propostas que levou ao Congresso.

Alckmin contradisse declarações do governador Cláudio Lembo, de que quase não teria falado com ele durante a crise. "Conversei com Lembo todos os dias, às vezes duas vezes por dia. Agora, eu não quero interferir em questões de governo, na autoridade do governador. Mas tive contato permanente."

Em Macapá, onde chegou às 13 horas, o pré-candidato sugeriu ao presidente Lula um check-up completo em um hospital do Sistema Único de Saúde para avaliar a situação da saúde no País. "Fiquei horrorizado de ver esses dias o Lula dizer que nossa saúde está chegando próxima da perfeição. Ele deveria fazer um check-up no SUS, descer do Aerolula e ir conhecer de perto uma emergência." Alckmin se referia a discurso que Lula fez em Porto Alegre em abril.

LENÇOS

No aeroporto, o tucano foi recebido por 200 pessoas com bandeiras e lenços amarelos com seu nome. Mas a falta de intimidade com o pré-candidato ficou evidente: nos lenços, seu nome estava grafado Alckimin.

Ele almoçou com empresários e deu palestra para cerca de 800 estudantes de um cursinho. Depois, voltou a criticar o governo Lula, a falta de crescimento e os programas sociais.

Ao ser indagado sobre a reunião de caciques tucanos em Nova York, Alckmin disse que sugestões serão bem-vindas. Mas defendeu sua campanha. "As coisas estão caminhando. Até agora só tem um pré-candidato com aliança encaminhada, com possibilidade de ampliá-la, e programa sendo estudado."