Título: José Jorge é vice do PFL na chapa do tucano
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Nacional, p. A9

Por margem apertada, o senador José Jorge (PE) foi escolhido ontem pelo PFL para concorrer à Vice-Presidência na chapa de Geraldo Alckmin, do PSDB. José Jorge venceu o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), por 51 a 45 em votação de um colégio restrito do PFL: governadores, vice-governadores, prefeitos de capitais, deputados federais, senadores e membros da Executiva Nacional sem mandato eletivo.

Com isso, ficou acertado que a coligação entre o PFL e o PSDB será formalizada no dia 29, no Recife. A data e o local foram definidos no fim da manhã, quando o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), telefonou de Brasília para Alckmin, que fazia campanha em Macapá.

"É um bom nome", disse depois o pré-candidato tucano. "Os dois são. É uma pena que eu não posso ter dois vices", brincou, referindo-se elogiosamente também ao senador José Agripino. "Ele é um líder muito importante para a aliança."

José Jorge venceu a disputa interna com o apoio de Bornhausen e padrinhos de peso como o senador Marco Maciel, o governador Cláudio Lembo (SP) e os prefeitos de São Paulo, Gilberto Kassab, e do Rio de Janeiro, César Maia. Apurados os votos, Bornhausen tentou dissipar a impressão interna de que a disputa possa deixar seqüelas no partido, afirmando que a escolha se deu de forma democrática entre dois bons candidatos.

Maia fez o oposto. Defendeu a escolha de José Jorge como "o vice ideal" e explicou as razões de seu voto. Lembrou que havia duas vertentes no PFL: a do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que preferia um vice mais ativo e com maior presença nacional, e a sua, que queria um perfil mais discreto. "Eu acho que o melhor vice é o mais discreto, e o José Jorge é a garantia de que o vice não vai atrapalhar o candidato", disse.

O escolhido afirmou que compete ao candidato a presidente, e não a ele, dar o tom da campanha e avaliou que não será difícil ajustar seu discurso ao de Alckmin. José Jorge é crítico habitual do governo Lula, mas não adota um estilo muito agressivo. "Sou moderado", resume. A seu ver, a maior dificuldade será escolher os alvos de ataque ao governo. "Eu mesmo tenho uma lista com mais de cem escândalos e equívocos desse governo. É tanta coisa errada que vamos ter de fazer uma pesquisa para escolher o que criticar na campanha."

Agripino, por sua vez, adotou um discurso conciliador. "Não guardo ressentimento e ajudarei no que puder", disse ele a Alckmin logo depois de proclamado o resultado. O candidato a presidente, que se manteve discreto em sua preferência pelo líder, não hesitou em explicitá-la no telefonema. "Raspamos na trave. Espero contar com você no próximo governo", disse o tucano, segundo relato do próprio senador.

BANDEIRAS

O PFL está preparando um esboço de programa de governo que será entregue a Alckmin na cerimônia de formalização da aliança no dia 29, como colaboração do parceiro de chapa.

Na avaliação do vice, pelo menos quatro bandeiras serão bastante exploradas nesta campanha: a da ética, "que ficou jogada no lixo durante o governo Lula", a da segurança, a do emprego e a da educação.