Título: Coordenação de campanha fica com Berzoini
Autor: Agnaldo Brito, Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2006, Nacional, p. A7

Lula quer PT costurando alianças enquanto ele corre o País

A coordenação da provável campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caberá ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini. O próprio Lula confirmou a escolha ontem, acrescentando que manterá a estratégia de adiar o anúncio oficial de sua candidatura até o final de junho.

Até lá, o presidente quer que o PT persiga apoios e alianças. O partido ainda discute se aceitará coligações com outras legendas que, como ele, se envolveram com o esquema do mensalão. Lula cogita ter o apoio de PMDB, PC do B, PL e PV.

A intenção do PT é lançar no encontro deste final de semana uma equipe de coordenação eleitoral, que na prática será a base do comando da campanha. Com isso, espera-se demonstrar publicamente que o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu não tem delegação da sigla para fazer articulações políticos - ainda que em benefício da candidatura Lula.

Nesta semana, o próprio Berzoini comentou as intervenções de Dirceu, que ficaram patentes, por exemplo, na visita que o deputado cassado fez ao ex-presidente Itamar Franco no dia em que ele manifestou sua intenção de disputar a Presidência. Para Berzoini, "Dirceu tem todo o direito de conversar com as pessoas e expressar seus pontos de vista, mas ele não expressa as opiniões do PT".

Entre dirigentes petistas, a movimentação de José Dirceu causou mal-estar e ciumeira. Em conversas privadas, eles dizem que o ex-ministro deveria ser mais discreto para não expor a legenda e o governo, já que sua situação é juridicamente delicada.

A avaliação do presidente Lula é que só no final de junho o quadro político estará mais definido. "Até lá, o meu papel é viajar pelo Brasil, inaugurar as obras que começamos a construir e governar", afirmou em evento ontem.

PRÉVIA

Lula tem evitado se posicionar publicamente sobre a prévia que o PT vai realizar para escolher seu candidato ao governo paulista. "Não é coisa totalmente ruim", disse o presidente, sobre a disputa interna entre o senador Aloizio Mercadante (SP), e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. "A prévia é mais democrática do que o tempo em que a gente ia para uma convenção e tinha cadeirada e murro para tudo quanto é lado", disse Lula. "A prévia é um momento em que você coloca todos os simpatizantes e militantes a votar, e o voto é secreto." Usando a justificativa do voto secreto, o presidente disse que não divulgaria quem será o seu candidato ao governo paulista.

O presidente cobrou do PT posição mais forte na negociação de alianças. "O PT não pode ficar parado. Não pode ficar esperando eu me decidir (pela candidatura). O PT tem que trabalhar, tem que costurar as alianças, tem que falar com os outros partidos", afirmou.

Após visitar o 2º Feirão Caixa da Casa Própria", no Expo Center Norte, em São Paulo, o presidente declarou, em entrevista coletiva, esperar do PT consciência sobre a necessidade de formação de alianças nacionais para a disputa eleitoral deste ano. "Precisamos construir uma política de alianças com todos os Estados", opinou.

Para isso, Lula sugere ao partido que inicie os trabalhos de aproximação com outras legendas, antes mesmo de anunciar sua decisão de se candidatar à reeleição. "Eu não vou me definir pela candidatura antes do prazo limite", disse Lula.