Título: Fotógrafo do 'Estado' foi agredido por seguranças
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2006, Nacional, p. A9

Um assessor da Secretaria de Imprensa da Presidência e cinco seguranças do Palácio do Planalto agrediram na tarde de quinta-feira o repórter fotográfico do Estado Celso Júnior. O incidente ocorreu após a posse da ministra Ellen Gracie na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), no exato momento em que ela se despedia, do lado de fora do prédio, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O repórter fotográfico conseguiu se colocar em frente ao carro estacionado nos fundos do STF para levar Lula ao Palácio do Planalto. Ao perceber a presença de Celso Júnior no local, o operador de reportagem da Secretaria de Imprensa, Francisco Novaes, agarrou o fotógrafo pelo braço. Celso Júnior conseguiu se desvencilhar, mas o assessor puxou-o pelo pescoço, deu-lhe dois socos no rosto e o impediu de registrar a cena em que Lula se despedia da ministra.

Quando o fotógrafo conseguiu, mais uma vez, se livrar do assessor, dois seguranças do Planalto correram e o seguraram pelos braços, enquanto ele tentava preservar a máquina. Outros três seguranças acompanharam os dois colegas e o assessor no momento em que estes arrastavam Celso Júnior até uma grade, colocada para afastar manifestantes, e uma árvore, a cerca de três metros do carro. Celso Júnior, que não conseguiu fazer imagens de Ellen e Lula, ficou preso no local até a saída do presidente. No momento da agressão, outros fotógrafos estavam atrás, pois não tinham conseguido sair com rapidez do plenário do STF, onde ocorrera a posse da ministra.

Minutos antes da agressão, outro segurança deu um soco no estômago do repórter Leonencio Nossa, do Estado, que revidou com outro soco, pois essas agressões nunca são reconhecidas pelo Planalto. O segurança disse que iria guardar a fisionomia do repórter. Diante da ameaça, o jornalista pediu que ele guardasse também o nome e exigiu do agressor que se identificasse. O segurança se afastou, limitando-se a dizer que era para o profissional procurar o senhor Francisco Novaes.

A Presidência culpou o STF. Assessores do Planalto argumentaram que o segurança trabalha no Supremo e se eximiram de responsabilidade num evento com a presença do presidente da República. O esquema de segurança desses eventos é montado por todos os órgãos envolvidos. O Palácio do Planalto costuma argumentar que os jornalistas entram em áreas restritas. Mas, quase sempre, essas áreas, definidas unilateralmente pela Presidência, são as únicas onde os repórteres podem captar, sem prejuízo para a informação, uma imagem não oficial de Lula e do governo.