Título: Para Dulci, Lula optou por não chutar o pau da barraca
Autor: Lu Aiko Otta e Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Economia & Negócios, p. B1

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, disse ontem em Fortaleza que o presidente Lula está tratando a questão boliviana "com muito equilíbrio e firmeza". Segundo ele, Lula teria duas atitudes a escolher. Uma delas seria "chutar o pau da barraca". O que, na opinião do ministro, provocaria "um sucesso imediato e notinhas aqui e acolá". "Mas é um resultado que não se sustenta."

A outra atitude é a que está sendo adotada pelo governo brasileiro. "É a chata", brincou. "A postura do presidente Lula na questão boliviana é reconhecer que a Bolívia, assim como nós, tem direitos na questão do subsolo. Agora não vamos aceitar que os legítimos interesses brasileiros sejam prejudicados", comentou Luiz Dulci, na abertura do 5º Encontro com o Mercosul, realizado ontem na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza.

Dulci afirmou que Lula não vai fazer gesticulação eleitoral irresponsável e continuará tratando o assunto pela via da negociação. "Porque o Brasil tem 40 anos sem guerra com seus vizinhos." E prometeu: "Vamos garantir que não falte gás para ninguém. Vamos garantir que o preço não aumente".

Na opinião dele, muitas bobagens já falaram sobre este assunto, inclusive, a de romper relações e retirar o embaixador brasileiro daquele país. "O PIB da Bolívia não chega a 1% do nosso PIB. O eventual prejuízo que a Petrobrás possa ter lá, perto do lucro que a Petrobrás está tendo no mundo, é modesto", comparou, destacando: "Não vamos adotar política guerreira" contra "o país mais pobre dos pobres da América do Sul".

Segundo Dulci, estão sendo tomadas medidas para que o Brasil não continue dependendo do gás boliviano e, em três a quatro anos, o País será auto-suficiente neste setor. A dependência do produto boliviano, segundo ele, decorre do baixo preço cobrado pelo país vizinho comparado aos fornecedores americanos e europeus. "O Brasil se acomodou", concluiu.