Título: Tabaré desiste: 'Não há mais nada que falar'
Autor: Marina Guimarães e Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Economia & Negócios, p. B7

Para o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, "não há mais nada que falar" com a Argentina, segundo matéria publicada no semanário uruguaio Búsqueda. Tabaré disse que "às vezes alguns dirigentes políticos nos pedem que haja diálogo. O que vamos dialogar? A Argentina apresentou o tema em Haia. De que vamos falar?"

"Os caminhos para nós são: primeiro, que as plantas de celulose continuem sendo construídas e com a tecnologia que se está utilizando; segundo, vamos transitar os caminhos jurídicos correspondentes. Isso é: o Tribunal de Haia e todos os mecanismos estabelecidos no Mercosul. E não há mais nada que falar." Tabaré deixou claro que não desistiu de recorrer ao Mercosul, apesar de o governo argentino negar a discussão nesse âmbito.

Uruguai e Argentina estão em conflito por causa da construção das fábricas de celulose Botnia, da Finlândia, e Ence, da Espanha, na cidade uruguaia de Fray Bentos, às margens do Rio Uruguai. Embora as duas empresas e o governo uruguaio garantam que a tecnologia a ser empregada não é poluente, os argentinos não acreditam e fazem manifestações contra. Para o Uruguai, as fábricas representam investimento de US$ 1,8 bilhão, equivalente a 13% do PIB do país.

Para aumentar o conflito, o site da Presidência do Uruguai informa que o secretário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson enviou carta ao Banco Mundial solicitando que a entidade "não postergue por mais tempo" a concessão dos créditos para a construção da fábrica finlandesa. Mandelson, que já havia se manifestado favoravelmente à construção - "Botnia é uma vítima inocente desse conflito", afirmou, em abril - diz que "confia numa decisão rápida atinada do ponto de vista financeiro para resolver a situação".

NA ARGENTINA

A imprensa portenha, ontem, divulgou que a finlandesa Jaakko Põyry, a maior consultoria do mercado mundial de projetos de celulose, confirmou estar negociando com Arturo Colombi, governador de Corrientes, ndo norte da Argentina, a construção de uma fábrica de celulose - não está confirmado, mas pode ser a sueco-finlandesa Stora-Enso.

"As crises se superam e as pessoas esquecem. Quando chegar o momento adequado, o ideal é ter o projeto pronto", explicou a presidente da consultoria, Rainer H¿aggblom. Colombi foi ambíguo: "O setor florestal pode ajudar no desenvolvimento de Corrientes."