Título: Ex-governador diz que espera agosto para candidatura decolar
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2006, Nacional, p. A8

Ao fim de uma semana difícil para sua candidatura, ele retoma viagens ao Nordeste e vai agora ao Ceará

Uma semana para não esquecer nunca mais, registrará a memória do pré-candidato Geraldo Alckmin sobre os últimos dias de abril, os mais turbulentos de sua carreira política. Ele enfrentou a insatisfação das bancadas federais do PSDB, reclamações generalizadas do aliado PFL, críticas à falta de estrutura de sua campanha e reclamações pela falta de estratégia de seus périplos.

Neste fim de semana ele está mais uma vez no Nordeste, região onde tem o maior índice de desconhecimento popular. Na semana passada, Alckmin reagiu à onda contrária reunindo-se com as bancadas do PSDB e do PFL, contratando assessoria nova e buscando o apoio de prefeitos; conseguiu abrandar boa parte das críticas, mas não reduziu a estridência das críticas do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), irritado pelo lançamento da candidatura do deputado Eduardo Paes (PSDB) ao governo fluminense, em contraposição a Eyder Dantas (PFL).

Alckmin tem repetido a amigos o mesmo mantra que desfia há tempos: a sua candidatura só vai decolar mesmo em agosto, quando começar a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Ele cita variados exemplos de candidaturas que no mês de abril ostentavam magros índices de popularidade e deslancharam depois do começo do horário eleitoral - e insiste em que o mesmo vai acontecer com ele também.

Enquanto o horário eleitoral não vem, o pré-candidato tucano segue a estratégia central de sua campanha - marcar presença no Nordeste todas as semanas. Ele já foi a Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

CRÍTICA

Ontem ele esteve mais uma vez no Recife e ironizou as declarações do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, de que o partido não faria restrições visando à consolidação de alianças para garantir a reeleição do presidente Lula.

"É interessante ver como as coisas mudam no poder. Antes, o PT era o maior crítico de alianças amplas. Hoje, eles topam qualquer coisa para tentar reeleger o Lula", criticou Alckmin. "Mas eu digo que nem isso adianta, porque as alianças partidárias são construídas baseadas em um projeto, e eles (os petistas) não possuem nenhum projeto."