Título: Abdib pede desoneração para bens de capital
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Economia & Negócios, p. B8

Depois que o governo começou a receber as reivindicações de setores produtivos que estão passando por dificuldades, principalmente por causa da taxa de câmbio, a fila aumenta a cada dia. Ontem,foi a vez da Associação Brasileira das Indústrias de Base (Abdib) ser recebida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O presidente da entidade, Paulo Godoy, classificou o cenário de preocupante e pediu, como solução emergencial, a desoneração de toda a cadeia de bens de capital sob encomenda.

De acordo com Paulo Godoy, o setor vem perdendo competitividade e mercado a cada ano devido à valorização do real e aos custos excessivos relacionados ao capital, ao trabalho e aos tributos. Segundo ele, dificuldades crescentes já afetam fornecedores das áreas de óleo, gás, mineração, siderurgia, papel e celulose, energia elétrica e transporte ferroviário.

Na lista dos problemas apresentados por Godoy ao ministro estão os causados pela tributação elevada em relação a outros países, pelo peso excessivo da rigidez da legislação trabalhista e pelo alto custo do crédito. A Abdib alerta que tais custos são altos e crescentes. A entidade de classe também está preocupada com a insuficiência de investimentos em infra-estrutura e em indústrias de base, o que resulta na queda da demanda por tais equipamentos.

Para atenuar a situação, enquanto as grandes reformas institucionais não avançam, a Abdib defendeu uma desoneração emergencial de toda a cadeia de bens de capital sob encomenda. A idéia da entidade é que, com a redução significativa dos custos associados à carga tributária, a indústria local reúna condições tanto para competir com os bens importados em projetos de investimento no Brasil quanto para participar de concorrências internacionais.

Por isso a entidade defende que o governo não facilite o ingresso de equipamentos pesados, mantendo o Imposto de Importação. A Abdib também defende tratamento tributário diferenciado para os fundos de investimento em infra-estrutura com prazo superior a sete anos. "Só assim teremos condições de competir com os títulos de renda fixa", disse Godoy.