Título: Defensores e pombos-correio
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Metrópole, p. C4

Os advogados são imprescindíveis para a administração da Justiça, como diz a Constituição. Mas cada vez há mais denúncias de profissionais acusados de abandonar os preceitos éticos da carreira e virarem pombos-correio, levando informações a líderes de facções criminosas.

Em janeiro de 2004, o advogado Paulo Roberto Pedrini Cuzzuol e a mulher foram presos a caminho do Paraguai com US$ 320 mil, que, segundo a Polícia Federal , eram do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar , a quem defendia. No fim de 2004, ele foi condenado, em primeira instância, a 8 anos de prisão.

Em outubro de 2004, o advogado Mario Sérgio Mungioli foi condenado pela Justiça paulista, em primeira instância, a 7 anos e 6 meses de prisão. Ele foi acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de fazer a ponte entre lideranças presas do PCC, entre elas Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e criminosos soltos.

O advogado Rui Gomes Ribeiro foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio a 4 anos e meio de prisão por associação para o tráfico. Ele chegou a ser preso, mas obteve habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o site do STF, ele "foi tesoureiro do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê", morto em 2002 durante uma rebelião num presídio.

Segundo o presidente do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Brás Martins Neto, é "inexpressivo" o número de advogados que compactuam com o crime.