Título: Em Franco da Rocha, corte divide moradores
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Metrópole, p. C7

Os moradores de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, se dividem quando o assunto é o bloqueio do sinal de celular em áreas próximas a presídios do Estado. A cidade, que sempre sofreu com motins em suas unidades penitenciárias e na Febem, mais uma vez sente o eco da crise carcerária.

"Me sinto bastante prejudicada. Se não fosse o celular, na segunda-feira eu não teria avisado o meu marido, que é motorista da Viação Caieiras, que teve um ônibus atacado, sobre a gravidade do problema. Eu estava apavorada", reclamou a recepcionista de um posto de saúde Roseli Gonçalves da Silva, de 44 anos, que mora praticamente ao lado da antena de transmissão da cidade, e tem vista privilegiada para o Complexo Carcerário. "Assisti às rebeliões de segunda, de binóculo, vi tudo acontecer", conta.

Mas há quem esteja disposto a pagar o preço. "Nossa fábrica fica diante do complexo carcerário da cidade e vamos ser prejudicados com a falta do sinal. Se o objetivo de barrar as rebeliões for alcançado, o sacrifício vale a pena", declarou a gerente comercial Vera Machado, da fábrica de violões Di Giorgi.

A prefeitura não se posicionou oficialmente. "Não recebemos nenhuma nota oficial. Enquanto não formos informados, não vamos dar declarações", disse o prefeito Márcio Cecchettni. "Ao mesmo tempo em que o nosso parque industrial vai sofrer com isso, os presídios da cidade despejam todos os dias 1.700 presos nas ruas, que estão em regime semi-aberto", disse Celio Campos, porta-voz da prefeitura.