Título: Garotinho conta que perdeu 700 gramas e apela à OEA
Autor: Alexandre Rodrigues, Kelly Lima, Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2006, Nacional, p. A9

Presidenciável prossegue com a greve de fome iniciada domingo em protesto contra denúncias sobre doações

O ex-governador e pré-candidato à Presidência Anthony Garotinho (PMDB) prosseguiu ontem com a greve de fome iniciada no domingo para se defender das "calúnias da grande mídia". Por um boletim médico, divulgado no fim da manhã, ele anunciou que já perdera 700 gramas de peso. E, por meio de assessores, fez saber que havia enviado por fax ao presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Migel Musso Nusulza, uma cópia da carta lida anteontem, na qual pede supervisão internacional das eleições.

O protesto - que Garotinho tacha de "sacrifício" - é uma resposta às denúncias de que o governo do Rio teria contratado organizações não-governamentais (ONGs) suspeitas de ligação com doadores da pré-campanha do peemedebista. Garotinho vem atacando as Organizações Globo e a revista Veja, que, para ele, têm o "indisfarçável patrocínio do governo Lula".

Garotinho foi examinado ontem por seu médico particular, Abdu Neme, que divulgou o boletim por volta das 11 horas. Pelo parecer, o ex-governador estava "lúcido, orientado, afebril e hidratado" e apresentava batimento cardíaco regular e pressão sob controle.

Procurado pelo Estado, o escritório brasileiro da OEA em Washington não quis se pronunciar sobre o pedido de supervisão internacional das eleições. Mas o embaixador Rubens Barbosa, que representou o Brasil nos Estados Unidos até 2004, comentou que a probabilidade de a sugestão ser aceita é mínima.

"Qualquer acompanhamento de uma eleição tem de ser solicitado pelo próprio governo à OEA ou, no mínimo, ter a sua aprovação", frisou.

De acordo com o embaixador, o acompanhamento da campanha solicitado pelo ex-governador do Rio é também inadequado. "A OEA somente enviaria observadores para o dia da eleição, não para acompanhar o processo que a antecede."

Na avaliação de Rubens Barbosa, não há "base legal" para que o pedido de Garotinho seja aceito pela entidade internacional, porque o Brasil vive em regime democrático.