Título: Força reúne 1,2 milhão de pessoas e ataca Lula
Autor: Ricardo Brandt, Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2006, Nacional, p. A6

Evento de R$ 2,2 milhões virou palanque para oposição e ex-aliados do governo criticarem política econômica, desemprego e prioridades do PT

A festa do Dia do Trabalho da Força Sindical ontem em São Paulo virou palanque para ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à política econômica. Líderes sindicais e políticos da oposição usaram o evento, que custou R$ 2,2 milhões e reuniu 1,2 milhão de pessoas na Praça Campo de Bagatelle, para dizer que não há motivos para comemoração.

"O presidente Lula anda no mundo da lua, ou está viajando muito e não conhece a história do Brasil", atacou o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, primeiro a atacar. "Os empregos criados foram de pessoas que estavam na informalidade e passaram a ter carteira assinada."

Paulinho atacou as prioridades do PT. "O modelo de economia do governo Lula foi de agradar aos poderosos e dar esmola para os pobres. Não pode ser esse modelo de desenvolvimento que o País precisa", afirmou o sindicalista, que é presidente estadual do PDT.

As críticas vieram também do ex-aliado de Lula Cristovam Buarque (DF), senador que hoje é um dos nomes cotados como candidato do PDT à Presidência. "Quando se comparam as promessas de 2002 do presidente Lula com o que foi feito de lá para cá, não tem o que comemorar", disse ele.

Outro presidenciável a subir no "palanque" para bater no governo Lula foi o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE) - que tem conversado com o PDT sobre a possibilidade de aliança. "Mais do que nunca, é necessário lutar contra a fraude que significou o governo que se dizia dos trabalhadores e que transformou o Brasil numa república dos banqueiros", disparou Freire.

GOVERNADOR

O governador Cláudio Lembo (PFL) fez duras críticas ao governo antes de subir ao palanque. "A realidade é muito dura, acho que no Palácio da Alvorada está tudo bem, mas na casa do trabalhador, na minha casa, as coisas estão cada vez piores", disse. "O governo não tem dado incentivo ao trabalho, ao esforço não só dos trabalhadores como dos empresários." No palco porém, ele se limitou a dizer uma única frase: "Paz e amor, hoje e sempre."

O ato só não foi palanque para mais gente porque o povo estava mais interessado nos shows do que nos discursos. O prefeito Gilberto Kassab (PFL), foi um dos que foram vaiados quando tentaram discursar entre as apresentações. Com o forte calor e o excesso de público no local, mais de 400 pessoas chegaram a desmaiar.