Título: Ministro mostra pouco otimismo
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2006, Economia & Negócios, p. B11

Para ele, a baixa cotação do dólar é um problema 'matemático'

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, se mostrou pouco otimista com a perspectiva de solucionar a crise que afeta agricultores da região Centro-Oeste, que ameaçaram fechar estradas e impedir o escoamento da safra de grãos. O governo estuda um segundo pacote de medidas para o setor, centrado na redução de tributos, que ainda depende da aprovação da equipe econômica. Mas o ministro acredita que o ponto central do problema - a baixa cotação do dólar - é "matemático" e de difícil solução.

Rodrigues adiantou que qualquer reivindicação que contrarie a política econômica encontrará resistências. "Acho que tudo que for contrário à política macroeconômica terá dificuldade de ser implantado", disse o ministro ao Estado. Um exemplo é a proposta dos produtores de criação de um câmbio especial para a agricultura, já que o dólar baixo contribui para as perdas no setor. "Isso é muito difícil", reconheceu.

Entre as medidas em estudo, está a redução da tributação sobre insumos agrícolas para reduzir custos de produção. "Esse assunto está sendo tratado na área econômica porque implica em uma sangria nas receitas", disse Rodrigues, sem adiantar quanto seria a queda na tributação. Na semana passada, o ministro havia dito que essas medidas não estariam prontas antes de quinze dias.

Também se estuda a criação, mais a longo prazo, de um "fundo de catástrofe" para garantir que o seguro rural funcione adequadamente. Segundo o ministro, no mundo todo o seguro rural depende de fundos de resseguro, o que não existe no Brasil. Esse fundo seria permanente, para atender o setor nesses momentos de crise. "Trabalhamos com questões estruturantes para resolver os problemas da agricultura no futuro. Não é uma coisa para agora", disse.

A renegociação das dívidas com o Banco do Brasil, pedida pelos agricultores, não é vista, pelo ministro, como problema: "Isso já está acontecendo". No mês passado, o governo lançou um pacote emergencial, com a renegociação de R$ 16 bilhões em dívidas e a liberação de R$ 5,8 bilhões em empréstimos do governo federal. Segundo ele, o banco sabe que, se não prorrogar o pagamento, não vai receber os empréstimos.