Título: Texto é político, diz Batocchio
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Nacional, p. A4

Acusados não vêem razão para ser citados no relatório

Antonio Palocci considera que não existem motivos para a inclusão de seu nome no relatório final da CPI dos Bingos. O ex-ministro da Fazenda, por meio de seu advogado, o criminalista José Roberto Batochio, avalia que não há necessidade nem terá eficácia tal medida, porque o assunto já se encontra na Justiça. "Não há motivos razoáveis para essa inserção", assinalou Batochio.

O advogado observa que o Ministério Público Federal já promove investigação e a Polícia Federal encaminhou ao Poder Judiciário conclusões acerca do suposto envolvimento de Palocci no episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, que o acusou de freqüentar a mansão do lobby em Brasília.

Para Batochio, o fato de o MPF estar investigando o caso, que é analisado pela Justiça, "torna sem finalidade ou eficácia" a inclusão do nome de seu cliente no documento da comissão parlamentar. "Todas as providências que poderiam surgir a partir do relatório da comissão já foram adotadas pela Polícia Federal e estão sob exame da Procuradoria da República e da Justiça, portanto fica apenas o efeito político do documento", reiterou Batochio. Para ele, "a inclusão não terá resultado e tenderá um pouco para o factóide".

Para o empresário Ronan Maria Pinto - apontado pelo Ministério Público como um dos cabeças do suposto esquema de corrupção em Santo André -, seu indiciamento no relatório da CPI "será uma atitude, no mínimo, precipitada".

Por meio de sua assessoria, Ronan declarou: "O senador (Garibaldi Alves, relator da comissão), envolvido por informações díspares e mentirosas como as que têm circulado na CPI, se estudasse os documentos entregues e as declarações dadas junto aos parlamentares, veria que não há qualquer mérito real nas acusações que pretende incluir."

O ex-vereador Klinger Luiz de Oliveira Sousa, que foi secretário de Governo da administração Celso Daniel, não respondeu à ligação da reportagem.

Os promotores que há quatro anos investigam fraudes na gestão Celso Daniel receberam com "muita satisfação" a medida anunciada pelo relator. "Os senadores estão corroborando o trabalho do Ministério Público, reproduzindo toda a prova que fizemos", destacou o promotor Amaro Thomé, que integra força-tarefa do MP para mapear corrupção no período em que Daniel administrou a cidade.

Thomé lembrou que desde 2002, quando deu início à apuração sobre os negócios do governo petista, a promotoria sofre pressões de segmentos políticos que não aceitam a autonomia do MP. "A pressão é grande, mas o resultado da CPI contribui para o reconhecimento da lisura de nosso trabalho", disse Thomé.