Título: Depois de cirurgia, Serra começa campanha de rua
Autor: Rodrigo Pereira, Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Nacional, p. A8

Programação teve início ontem por Mogi das Cruzes

O ex-prefeito de São Paulo José Serra,pré-candidato ao governo do Estado pelo PSDB, retomou sua campanha após se recuperar da cirurgia de hérnia epigástrica que realizou em 10 de abril. Ontem Serra visitou a prefeitura e correligionários de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Deu entrevista a uma TV e jornais locais e visitou o centro comercial da cidade, onde fez o tradicional corpo-a-corpo. Serra vai repetir a programação cheia pelo menos até sábado, em viagens a São José do Rio Preto (hoje), São Carlos (amanhã), São José dos Campos (sexta) e Presidente Prudente (sábado).

"É uma pré-campanha. Visita, ter contato com os companheiros", justificou. Nas entrevistas, Serra opinou sobre questões locais, fez promessas de campanha e divulgou desmentidos sobre supostas brigas internas no PSDB. Garantiu não ter ficado nenhum rancor do processo que levou à escolha de Geraldo Alckmin para a disputa presidencial e negou que possa assumir o lugar dele caso a candidatura do colega não decole.

"Isso é bobagem. Especulou-se com tudo (durante o período em que esteve se recuperando da cirurgia)", disse, para em seguida garantir que acompanhará Alckmin em palanques. "Inclusive quando quiserem me convidar para ir para outro Estado eu vou também."

Sobre a disputa entre Aloizio Mercadante e Marta Suplicy pela vaga de candidato petista ao governo de São Paulo, o ex-prefeito foi seco. "Dá na mesma."

Serra comentou sua saída da Prefeitura de São Paulo, provável mote de ataque dos adversários, e aproveitou a questão para afagar seu sucessor, Gilberto Kassab, e o PFL, principal aliado dos tucanos. "Meu conforto é que nós cumprimos praticamente tudo o que dissemos que íamos fazer", disse. "Deixamos tudo encaminhado, a orquestra se manteve, a partitura é a mesma, só mudou o maestro. Mas tudo continua." Para Serra, se o PSDB vencer a disputa estadual, será possível fazer "uma grande dobradinha".

PROPOSTAS

No giro pelo interior, Serra lançará suas primeiras propostas de governo. Ontem prometeu construir o Ferroanel - projeto análogo ao Rodoanel, que liberaria o sistema ferroviário da capital para o transporte público. "Vai permitir que os trens de exportação e carga sigam direto para o litoral, sem passar pela Grande São Paulo", explicou.

O tucano promete ampliar no interior a rede de Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e de Centros Estaduais de Educação Paula Souza, "porque significam emprego mais qualificado". Serra foi indagado sobre questões polêmicas, como a abertura de unidades da Febem ou a construção de aterros no interior. "Ninguém quer aterros, ninguém quer Febem. Nenhum município gosta", reconheceu. "A gente tem de olhar caso a caso, não há uma solução genérica."

ANÍBAL

Serra ainda enfrenta a resistência do vereador José Aníbal, que ontem reafirmou ter as assinaturas necessárias para disputar a vaga de candidato ao governo na convenção do partido. "Continuo trabalhando para coletar as assinaturas e devo enviar a lista à direção do partido nos próximos dias", disse Aníbal, que terá de reunir pelo menos 20% do apoio dos cerca de 3.000 delegados do PSDB no Estado. Até o fim da tarde de ontem, a assessoria de Aníbal contabilizava 747 assinaturas - mais de 100 além do exigido.

O presidente do PSDB estadual, Sidney Beraldo, disse que Aníbal foi convidado a participar da campanha de Alckmin. "Esperamos o entendimento", disse Beraldo. Questionado, Serra disse que a decisão não dependia dele e que qualquer integrante do PSDB tem o direito de postular a vaga.