Título: Nova Varig vale US$ 700 milhões
Autor: Nilson Brandão
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Economia & Negócios, p. B20

Avaliação leva em conta apenas a parte de vôos domésticos, que será oferecida aos investidores sem dívidas

Ficou para segunda-feira a decisão dos credores da Varig sobre a proposta de venda da parte doméstica da empresa, sem dívidas e com financiamento do BNDES, o chamado Plano B. Na prática, ainda faltam novas rodadas de negociação para o alongamento do prazo de dívidas acumuladas e detalhamento adicional sobre o plano. Além disso, os credores querem mais tempo para receber informações e comparar as propostas apresentadas pelos investidores para ficar com a parte de vôos domésticos da Varig.

A assembléia foi suspensa por falta de quórum. O fundo de pensão Aerus informou que ¿de comum acordo com a administração da Varig, em tratativas que se estenderam até a noite do dia 1º de maio, optou por não dar quórum de instalação à Assembléia Geral de Credores¿. O objetivo foi dar mais tempo para detalhar a proposta em desenvolvimento. Além disso, nem todos os credores tiveram acesso ao plano.

O plano prevê a separação da Varig em duas partes, uma dedicada aos vôos domésticos e outra aos internacionais. Um cálculo preliminar mostra que o valor de mercado da Varig Doméstica seria de pelo menos US$ 700 milhões. O valor consta da apresentação anexada ao processo de recuperação pela consultoria Alvarez&Marsal. É considerado conservador pela consultoria.

Trata-se de um exercício que leva em conta o dobro de um indicador chamado Ebitdar (em português, ganhos antes de taxas, depreciação, amortização e arrendamento). E é considerado conservador porque a mesma relação para o caso da TAM estaria perto de 8 vezes a geração de caixa medida pelo Ebtidar e no caso da Gol, perto de 13 vezes. O multiplicador da Varig Doméstica seria menor porque considera que a empresa é nova e traz o risco inerente a empreendimentos recentes. A Varig Doméstica é uma unidade isolada da Varig, que poderá ser vendida em leilão, sem dívidas, caso a alternativa seja aprovada na assembléia da semana que vem. A proposta, segundo a Alvarez&Marsal, é de consenso com o governo. A Varig Internacional fica com as dívidas e em recuperação judicial.

O documento, uma versão inicial que está sofrendo alterações, informa que os recursos levantados com a venda da empresa servirão para reformar a frota. Atualmente, a frota da Varig é de 60 aviões, dos quais 14 estão parados por ¿falta de investimento em manutenção¿.

Os valores servirão para reforma de aeronaves e restabelecimento da frota, ¿estabilização da situação com os credores em geral¿, redução de gastos de pessoal (o que exige gastos indenizatórios) e ¿outras medidas para recuperar a receita¿. Caso a cisão da empresa em duas (Doméstica e Internacional) seja aprovada, a unidade surgiria com 16% do mercado.