Título: Saldo acumulado em 12 meses tem primeiro recuo desde 2001
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Economia & Negócios, p. B15

Superávit foi de US$ 3,09 bi, US$ 870 milhões menos que em 2005

Pela primeira vez desde julho de 2001, a seqüência de superávits comerciais mensais crescentes foi interrompida em abril graças ao forte aumento das importações. Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o saldo comercial em abril foi de US$ 3,097 bilhões, US$ 870 milhões a menos que em abril do ano passado. Com isso, o resultado em 12 meses até abril ficou em US$ 45,011 bilhões, também apresentando queda em relação ao acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março (US$ 45,799 bilhões).

"É a primeira vez que acontece desde que o Brasil começou a trajetória de crescimento das exportações", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat.

Mas, embora o saldo comercial tenha caído, a média diária das exportações e das importações voltou a bater recorde. As vendas externas totalizaram US$ 9,804 bilhões, com média diária de US$ 544,7 milhões. Já as importações somaram US$ 6,707 bilhões, com média diária de US$ 372,6 milhões. Para Meziat, os números confirmam a previsão de maior crescimento das importações este ano. Pela média diária, as exportações cresceram 18,4% em abril e as importações subiram 39,8% em relação a abril de 2005.

"Possivelmente estamos indo na direção de superávits menores", afirmou o secretário. "Um saldo na faixa dos US$ 40 bilhões está muito bom", completou, referindo-se ao valor projetado pelo mercado.

No ano passado, a balança comercial brasileira foi superavitária em mais de US$ 44 bilhões. O governo evita fazer projeções de saldo comercial, mas trabalha com a meta de US$ 132 bilhões para as exportações este ano, 12% a mais do que em 2005. Segundo Meziat, o crescimento das importações não preocupa o governo. "É a melhor coisa que pode acontecer no momento para o Brasil". Na opinião de Meziat, as compras internacionais estimulam a concorrência e ajudam a equilibrar a entrada de dólares oriundos das exportações.

"Em abril foi a primeira vez da história que a média diária das exportações ficou acima dos US$ 500 milhões em todas as semanas do mês. Isso mostra consistência no crescimento das exportações." Os embarques de manufaturados também bateram recordes, puxados pelas vendas de gasolina, óleo combustíveis e aviões.

Do lado das importações, destaque para as compras de combustíveis e lubrificantes, que cresceram 91,1% em relação a abril de 2005, como reflexo principalmente da cotação internacional do petróleo. Os bens de consumo importados cresceram 52,4%, sobretudo bens duráveis como automóveis. As importações de bens de capital subiram 39,3% e de matérias-primas, US$ 25,1%.

No acumulado dos últimos 12 meses até abril, as exportações e as importações atingiram cifras inéditas. As vendas externas somaram US$ 123,846 bilhões. Já as importações totalizaram US$ 78,835 bilhões.