Título: Protesto pode acelerar pacote
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Patrícia Campos Mello, p. B13

Produtor pede ações adicionais para reduzir perdas

O protesto de agricultores do Centro-Oeste poderá acelerar a divulgação do pacote de medidas estruturais negociado pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, com a área econômica desde o mês de fevereiro. "A movimentação dos produtores pode acelerar, do ponto de vista político, o anúncio das medidas", disse uma fonte do governo, em Brasília.

A Polícia Rodoviária Federal informou, no início da noite, que os produtores mantinham dez pontos de bloqueio em quatro estradas federais que cortam Mato Grosso.

Os agricultores criticam, entre outros pontos, o câmbio que prejudica as exportações. "Por enquanto, estamos apenas monitorando os pontos de bloqueio. Qualquer outra atitude depende do manifesto dos juízes", afirmou a fonte. No Estado, 308 policiais rodoviários monitoram as estradas federais. Por enquanto, o governo não bateu o martelo sobre as medidas adicionais.

Um conjunto de medidas foi anunciado pelo governo no mês passado, mas os produtores pedem ações adicionais. "Nós continuamos brigando", afirmou uma fonte do Ministério da Agricultura.

DIFICULDADE Na semana passada, Rodrigues admitiu a dificuldade em fechar o pacote. "O governo está fazendo as contas, e, quando o assunto é redução de impostos, você tem que sangrar em alguma área, e essa é a discussão atual", disse na ocasião.

Segundo um interlocutor, os protestos não vão alterar a pauta negociada pelo Ministério da Agricultura com o Ministério da Fazenda. Um dos pedidos dos agricultores do Centro-Oeste é a criação de um câmbio especial para a agricultura, já que o dólar baixo contribuiu para as perdas do setor.

Essa reivindicação foi descartada pelo governo. As discussões estão focadas na redução de impostos na importação de insumos, na carga tributária incidente sobre produtos agrícolas e ampliação do seguro rural.

Além do pacote, os técnicos do ministério negociam as diretrizes do Plano Agrícola e Pecuário 2006/07, que pode ser anunciado até o fim deste mês. No plano, o governo define as prioridades para o setor agrícola e estabelece o montante a ser liberado e também a taxa de juros dos empréstimos.

Na safra 2005/06, o governo destinou R$ 44,350 bilhões aos produtores no plano de safra, sendo R$ 20,9 bilhões com taxa de juro controlada de 8,75% ao ano.