Título: Decreto divide imigrantes
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Economia & Negócios, p. B9

'Medida poderia ter sido conduzida sem pirotecnia', diz boliviano

Os bolivianos que vivem no Brasil estão divididos em relação ao decreto que nacionaliza as reservas de gás e petróleo do país. Apesar de fazer restrições à política adotada por Evo Morales, o presidente da Federação de Residentes Bolivianos no Brasil, Jorge Villegas, diz que a nacionalização é o exercício legítimo da soberania da Bolívia. "O gás e o petróleo são do Estado. O problema é que quando um país pobre luta por seus direitos soa como infração." Para Villegas, médico no Brasil há 30 anos, a nacionalização é necessária, mas poderia ter sido conduzida de modo diferente, sem tanta "pirotecnia".

A professora boliviana Vilma Montano, dona do restaurante La Paz, em São Paulo, também apóia o decreto. Está no País há 11 anos e continua falando de seu povo e, agora, de Evo com paixão. "O Brasil já lucrou muito na Bolívia. Fizemos um mau negócio e queremos voltar atrás. É nosso direito." O medo da professora é que o governo brasileiro feche a fronteira como forma de retaliação.

Já a dona de casa Margarida Chacón, no Brasil há 40 anos, é contrária à decisão de Evo. Para ela, os dois países serão prejudicados. "O povo boliviano é muito pobre, não pode comprar essa briga." Margarida até tinha simpatia por Evo, mas agora se diz desanimada."Espero que Brasil e Bolívia resolvam o impasse amigavelmente."