Título: PRINCIPAIS DÚVIDAS
Autor: Fabio Graner, Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2006, Economia & Negócios, p. B5

O preço do gás natural vai subir? É muito provável que o preço suba, já que houve um aumento dos impostos para a Petrobrás. Mas os cálculos de especialistas ainda são muito preliminares. Para alguns deles, pode haver uma elevação de preços entre 10% e 15%.

Vai faltar gás? O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, garantiu não haver qualquer risco de fornecimento de gás natural. Mas analistas avaliam que o fornecimento do gás pode ser afetado. Eles acreditam que, com o decreto de nacionalização,a Bolívia rompe com todas as determinações do contrato atual.

Quais os riscos para quem tem carro a gás?A escassez de gás natural no mercado brasileiro já vinha sendo apontada por especialistas como uma preocupação para o mercado. Conti acredita que, em 2010, não haverá mais gás natural. A primeira ferramenta do governo para solucionar este problema, segundo ele, é começar a inibir o consumo veicular a partir de agora. "Isso pode ser feito por meio de aumento de preços." Um segundo instrumento é aumentar os preços do produto para a indústria. "O consumo neste mercado já tende a cair. As empresas já estão se adaptando para a energia elétrica."

O preço do gás de botijão será afetado? O preço do GLP, o gás de botijão, não deve ser afetado. Este produto não tem preço atrelado ao gás natural e a sua definição segue o preço do petróleo e a capacidade de refino da Petrobrás.

Quais as diferenças entre GLP e gás natural? Onde são usados? O GLP é o gás de cozinha derivado do petróleo. Seu uso mais comum é na indústria e nas residências. Ele é produzido internamente nas refinarias da Petrobrás. Já o gás natural é usado principalmente pela indústria.

A Petrobrás vai desmontar operação na Bolívia? A empresa deve permanecer na Bolívia. Mas ninguém ainda sabe de que forma as operações permanecerão. Isso porque a Bolívia já tinha contratos fechados com as empresas que operavam hidrocarbonetos no país e, apesar disso, instituiu o decreto nacionalizando o negócio. Ou seja, houve quebra de contrato. "A parti daí, ninguém sabe o que vai acontecer", afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE).

A Bolívia vai interromper o fornecimento? A interpretação corrente no mercado é que o principal impacto da decisão do governo boliviano será o aumento de preços. Afinal de contas, a Bolívia não teria para quem vender o gás que envia ao Brasi. Na prática, o decreto não altera em nada o contrato existente com a Petrobrás para fornecimento de gás natural, destaca o consultor da GasEnergy, Marco Aurélio Tavares, ex-diretor da Repsol na área de gás. Ele acredita que o risco de desabastecimento do Brasil está afastado por ora. "O decreto atinge somente a produção e o refino e não prevê qualquer alteração em contratos vigentes de fornecimento."