Título: PF desmonta esquema de fraudes contra Itaipu
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/05/2006, Nacional, p. A6

A Polícia Federal prendeu ontem em Curitiba, São Paulo e Brasília seis pessoas suspeitas de participar de uma quadrilha envolvida em esquema de fraudes contra as empresas Itaipu, Furnas, Eletrosul e Eletronorte, mediante tráfico de influência, falsificação de documentos e corrupção ativa e passiva. Entre os detidos estão um ex-funcionário de Itaipu e representantes de algumas empresas. O paraguaio Michael Popow Nosikow, conselheiro da hidrelétrica binacional, está sendo procurado. Foram cumpridos também 22 mandados de busca e apreensão de documentos.

A quadrilha, segundo o superintendente da PF no Paraná, Jaber Saadi, não chegou a concluir os golpes. "Procuravam empresas que forneciam produtos às estatais e diziam que havia resíduos a receber daquilo que haviam fornecido tempos atrás. Eles simulavam dívidas e havia tentativa de cobrança dessas dívidas. Abortamos vários processos." Ele contou que estava para ser efetivado um saque de R$ 1 milhão de Itaipu.

A Operação Castores começou em agosto, após denúncia da Itaipu, que relatava indícios de falsificação de documentos e estelionato cometidos pelo ex-funcionário Laércio Pedroso, que saiu da estatal em 1992. Ele foi preso ontem no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Para a PF, há indícios da participação de diretores da Transportadora Della Volpe e do consórcio multinacional Alston, que teriam utilizado influência sobre funcionários da Itaipu, com pagamento de vantagens financeiras, para facilitar o recebimento de créditos referentes a possíveis resíduos.

Também foram presos o sócio de Pedroso na empresa de consultoria CAA, Luís Geraldo Tourinho Costa, o diretor da Della Volpe, José Della Volpe, um intermediário da empresa, Luís Carlos Dias da Silveira Franco, o representante do consórcio, Osvaldo Panzarini, e José Roberto Paquier, assessor do senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Saadi salientou que não há participação das estatais nem de funcionários delas. "As estatais são vítimas."

Pedroso foi fonte de reportagem de janeiro na revista IstoÉ, em que denunciava caixa 2 em Itaipu. A estatal contestou a reportagem e ganhou direito de resposta. Ontem, o ex-funcionário esteve com policiais na sede de Itaipu em Curitiba à tarde, mas não conseguiu comprovar a existência de caixa 2.

Ao ser preso, Pedroso estava entregando uma mala a Amauri Escudero, chefe de gabinete do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Segundo Escudero, como Pedroso deporia hoje na Comissão de Relações Exteriores da Câmara sobre o suposto caixa 2 em Itaipu e não havia lugar no vôo, pediu que levasse a mala e fizesse cópias dos documentos. Quando chegou a Brasília, Escudero foi barrado pela PF, que ficou com a mala.